São Paulo – O Brasil quer receber mais refugiados sírios para ajudar países que estão sobrecarregados com o fluxo de fugitivos da guerra civil na Síria. Segundo o secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, “deu início às tratativas de reassentamento [de refugiados], que deve ser feito de forma consolidada”.
Vasconcelos participou nesta sexta-feira (01) do lançamento do Projeto Refugiado Empreendedor, criado em parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão do Ministério da Justiça que Vasconcelos é o preside.
"A ideia é sim arrefecer a crise humanitária e integrar os que estão enfrentando a crise onde ela é maior", disse Vasconcelos em referência a nações como Jordânia e Líbano. O último, por exemplo, tem apenas 4 milhões de habitantes, mas já recebeu 1,2 milhão de refugiados da nação vizinha.
O projeto ainda está no começo. "Seria mais complexo receber as pessoas que já se deslocaram e estão de alguma forma assentadas em uma nação europeia. Mas o Brasil está aberto a propostas", disse. Ele citou como exemplo um projeto canadense. Nele, empresas e pessoas financiam o assentamento de refugiados.
Ainda de acordo com Vasconcelos, essa proposta demonstra o interesse brasileiro em ajudar os países e as pessoas afetadas pela crise de refugiados, a maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. O Brasil abriga 8.600 refugiados, a maior parte é de sírios. Desde o começo do conflito até setembro do ano passado, 2.077 sírios receberam refúgio no Brasil
Empreendedores
Nesta sexta-feira, o Conare e o Sebrae assinaram um acordo para a criação do Projeto Refugiado Empreendedor. O treinamento tem o objetivo de capacitar imigrantes e refugiados interessados em ter o próprio negócio. O acordo foi assinado por Vasconcelos, pelo presidente do Sebrae, Guilhereme Afif Domingos, e pelo diretor de Administração e Finanças do Sebrae-SP, Pedro Jehá.
Trata-se de um projeto experimental. Instituições que atuam no acolhimento a refugiados farão a mobilização dos interessados até o dia 23 de abril, que assistirão a uma palestra em 26 de abril. Nela, receberão login e senha para assistirem aulas à distância até 21 de maio. A participação deles será monitorada pelo Sebrae Nacional. Os mais assíduos receberão treinamentos presenciais, nos quais terão aulas sobre empreendedorismo, formalização do próprio negócio e gestão.
O presidente do Sebrae afirmou que o projeto é uma forma de promover a geração de renda, inclusão e empregos, e lembrou que empreender demonstra a capacidade de um profissional em assumir riscos. “Quem busca refúgio em uma terra nova já assumiu todos os riscos. Como eles estão fora da sua zona de conforto, são impelidos a se desenvolver. Esta é uma oportunidade de viverem e sobreviverem e trabalhar por conta própria, algo que é o sonho dos brasileiros também", afirmou Afif, que é descendente de libaneses.
Do encontro participaram instituições que atuam no acolhimento e apoio aos refugiados, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes (Bibliaspa), a Missão Paz e a Fundação Oasis, entre outras.
A participação dos refugiados no projeto é gratuita e os interessados devem entrar em contato com o Conare. Eles devem falar o nível básico de português, estar no Brasil há pelo menos um ano e possuir CPF. As aulas à distância serão apresentadas em português, inglês e espanhol, mas as outras, apenas em português.


