São Paulo – O Brasil tem leve recuperação econômica em andamento, apoiada por políticas fiscais e monetárias acomodatícias, mas as perspectivas de crescimento no médio prazo permanecem sem inspiração na ausência das reformas, e a dívida pública está alta e crescente. A afirmação foi feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório elaborado ao final de visita de equipe do organismo ao País e divulgado nesta sexta-feira (25).
O relatório afirma que colocar o Brasil no caminho de um crescimento, forte, equilibrado e durável, contra o cenário de aperto das condições financeiras globais, requer busca pela consolidação fiscal, reformas estruturais ambiciosas e fortalecimento da arquitetura do setor financeiro. “Isso exigirá forte liderança e determinação”, afirmou o FMI.
O organismo elogiou medidas recentes, como a adoção de teto para as despesas federais e a reforma trabalhista, e disse que elas vão aumentar a confiança. FMI recomenda que diante de uma inflação abaixo da meta, a política monetária deve permanecer acomodatícia para facilitar a recuperação, enquanto a consolidação fiscal se acelera. “A taxa de câmbio deve permanecer flexível para absorver choques externos”, diz o documento.
O FMI afirmou que o déficit primário deve aumentar de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 para 2,4% em 2018, conforme orçamento do governo, mas o crescimento deve se acelerar de 1% no ano passado para 2% neste ano. O consumo e os investimentos privados vão impulsionar o avanço da economia, segundo o organismo internacional.
O relatório destaca o tamanho das reservas brasileiras, de US$ 370 bilhões, e afirma que o déficit em conta corrente caiu por conta da diminuição das importações, mas deve crescer um pouco. “A dívida pública é predominantemente em reais, e as necessidades de rolagem externas para dívida privada e pública são baixas, em cerca de 8% do PIB por ano”, diz o FMI. Esses fatores e o câmbio flexível fazem o FMI perceber o Brasil resiliente a choques externos.
O organismo afirma, porém, que a crise teve custos sociais, com aumento da desigualdade e da pobreza. O desemprego ainda está em 12% e os trabalhadores estão desanimados, segundo o FMI. A falta de trabalho atinge principalmente jovens, mulheres e afro-descendentes, e gera busca de alternativas no mercado informal ou autônomo, sem proteção social adequada.