São Paulo – Os árabes que participaram esta semana de um Projeto Comprador da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em São Paulo, gostaram dos materiais de construção brasileiros. Eles destacaram o design alinhado com as tendências mundiais, a qualidade e a confiabilidade. No entanto, os empresários reclamaram dos preços e disseram que as empresas do ramo têm pouco interesse em conquistar o mercado externo.
“O Brasil está passando por um momento de muito crescimento e de alto consumo no setor da construção. Sentimos que as empresas estão muito focadas em atender os clientes brasileiros”, disse o CEO da Archisys, empresa jordaniana de projetos para construção, Jamal Naber.
O diretor da CEG-Qatar, Mohamed Abdulmaziz, afirmou que os produtos brasileiros têm qualidade similar àquela dos concorrentes alemães, italianos e espanhóis. Ele diz, porém, que fariam sucesso se, além disso, tivessem os preços dos similares chineses e indianos.
Em reunião com o grupo nesta sexta-feira (09), em seu escritório, na capital paulista, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, destacou que os produtos brasileiros são mais caros porque o custo de produção é alto. Isso, disse ele, pode ser resolvido com investimentos.
“As empresas querem lucro e investem para obtê-lo aqui. À medida que elas crescem e ficam competitivas, elas tentam encontrar novos mercados. Os setores ainda são prejudicados por impostos, câmbio e uma logística complexa. Além disso, estamos distantes do mundo árabe, há uma diferença cultural, há a barreira da língua. É por isso que essa parceria da Apex e da Câmara Árabe nos ajuda a encontrar parceiros e fortalecer o intercâmbio comercial”, afirmou Schahin. O Projeto Comprador foi realizado com apoio da Câmara Árabe.
Schahin ressaltou que a economia brasileira passa por um dos seus melhores momentos e que o País pode se beneficiar ao encontrar parceiros árabes. Ele disse que o Brasil precisa de engenheiros, técnicos em tecnologia da informação e parceiros para realizar as obras de infraestrutura e da indústria petrolífera previstas para os próximos anos.
Nesta sexta-feira, além de se reunir com o presidente da Câmara Árabe, os visitantes foram às obras do estádio do Corinthians, que irá receber o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014, apelidado de Itaquerão, por ficar no bairro paulistano de Itaquera.
“Essa visita nos ajuda a conhecer a metodologia que vocês estão utilizando nesta obra, para a realização da Copa do Mundo”, afirmou o CEO da Sociedade de Empreiteiros de Omã, Salim Talib Al Sheedi.
Antonio Gavioli, diretor de contrato da Odebrecht Infraestrutura, empresa responsável pela construção, afirmou que receber visitantes do mundo árabe pode ajudar a empresa a fazer novos parceiros na região no futuro. O Catar vai receber a Copa de 2022. “Podemos pensar em fazer uma joint-venture com uma empresa local para a construção de um destes estádios”, disse.
Além do primeiro jogo do mundial, outras cinco partidas serão realizadas no Itaquerão, entre elas, uma semifinal. Depois, o estádio será repassado ao Corinthians. A obra está orçada em R$ 820 milhões, dos quais R$ 400 milhões são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros R$ 420 milhões virão de incentivos financeiros concedidos pela Prefeitura de São Paulo. O Corinthians vai pagar pelo estádio depois que assumi-lo como sua casa.
A arena terá capacidade para receber 48 mil torcedores. Para atender às exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa), outros 20 mil lugares provisórios serão construídos para os jogos da Copa. Durante o torneio, 68 mil pessoas poderão assistir aos jogos. O estádio terá estacionamentos com 929 vagas cobertas e 1.620 descobertas. Aproximadamente 30% da obra já está concluída. O estádio terá 59 lojas, um auditório e quatro restaurantes.
“Aqui no Brasil os torcedores têm o costume de chegar ao estádio 30 minutos antes do jogo e ir embora cinco minutos depois dele. Este estádio tem um novo conceito e prevê que o torcedor chegue cerca de três horas antes, almoce e passeie e só vá embora cerca de uma hora depois”, comparou Gavioli.

