São Paulo – O Brasil precisa ampliar ainda mais a divulgação de seu potencial econômico no mundo árabe. Embora o comércio venha crescendo a passos largos nos últimos anos e os investimentos recíprocos sejam cada vez mais comuns, o Departamento de Desenvolvimento de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira identificou que ainda há muito desconhecimento sobre as oportunidades existentes no país no Oriente Médio e Norte da África.
Durante as viagens que realizam ao mundo árabe, além dos encontros com empresários, membros de governos e entidades setoriais, os representantes da Câmara Árabe costumam se reunir com consultores, profissionais de marketing e analistas de mercado para saber como anda a imagem do Brasil, do ponto de vista econômico, em determinados países.
“O Brasil nunca é citado em primeiro lugar como fornecedor”, disse o gerente de Desenvolvimento de Mercado da entidade, Rodrigo Solano. Segundo ele, torna-se cada vez mais importante mostrar aos árabes que o país já atingiu um patamar de desenvolvimento em diversos setores tão bom ou até melhor do de outras nações.
No mundo árabe, o Brasil é muito conhecido ainda como fornecedor de commodities, especialmente agropecuárias, tanto que a pauta de exportação para a região é muito concentrada em produtos como açúcar, carne bovina e frango, embora essa concentração diminua ano a ano.
Hoje, no entanto, a realidade do comércio exterior brasileiro é outra. O agronegócio é um dos grandes motores da economia, mas 60% das exportações do país são compostas por itens da indústria, como minerais, material de transporte, alimentos processados, metais e máquinas.
A Rússia, por exemplo, que forma os chamados BRICs junto com Brasil, China e Índia, tem 60% de sua pauta de exportação concentrada apenas em combustíveis fósseis e seus derivados.
“Precisamos mostrar que o importador tem a opção de um fornecedor alternativo, que é tão ou mais capaz do que os tradicionais, não só em capacidade de produção, mas em qualidade”, afirmou Solano. Nesse sentido, ele citou o exemplo do grande volume de exportações de bens de capital do Brasil para países europeus que são, por sua vez, conhecidos como fabricantes de máquinas e equipamentos.
Dentro desse cenário, a Câmara Árabe pretende intensificar junto aos árabes a comparação de dados do Brasil com os de outros países que fornecem à região, não só com vistas a mostrar seu potencial como fornecedor, mas também como mercado de destino. Hoje o país fornece apenas 1,3% do que o mundo árabe importa.
A idéia é começar a colocar esses comparativos nas análises econômicas que a entidade publica em seu site (www.ccab.org.br), mas também falar sobre o tema em eventos no Brasil e no mundo árabe, além de incentivar as entidades setoriais brasileiras a fazerem o mesmo. “Ao comparar com um país que é mais conhecido, a gente chama mais a atenção para o Brasil”, declarou Solano.
Como exemplo de dados que podem ser mostrados aos árabes, ele citou o fato do Brasil ser o maior exportador mundial de minério de ferro, café, suco de laranja, soja em grãos, carne bovina, frangos, açúcar e etanol, além de outros produtos agropecuários; de concentrar 50% do Produto Interno Bruto (PIB) e da população da América do Sul, além de fazer fronteira com quase todos os países da região, com exceção do Chile e do Equador; de ser a 9ª maior economia do mundo e de ter o dobro do PIB per capita da China; de ser líder na exploração de petróleo em águas profundas; de ser o maior produtor de jatos para a aviação regional; de ser o terceiro maior produtor mundial de calçados e refrigerantes; de ter a 7ª maior indústria de papel e celulose; de ser o 6° maior fabricante de automóveis; de ter 12 das 100 empresas que se tornaram multinacionais neste século; e de concentrar 22% de toda a área cultivável do mundo.
Solano lembrou ainda que, muitas vezes, produtos processados na Europa e importados por países árabes utilizam matérias-primas brasileiras, sendo que o país tem as mesmas condições de agregar valor aos seus insumos do que qualquer nação européia.