São Paulo – O diplomata Adriano Silva Pucci será o primeiro embaixador do Brasil residente em Manama, no Bahrein. A mais recente Embaixada do Brasil, inaugurada em novembro de 2021, está montando uma equipe e Pucci assume no início de setembro. Este será o primeiro posto do diplomata como embaixador.
Para Pucci, a Embaixada no Bahrein vem para completar as relações diplomáticas do Brasil na região do Golfo. “Essa nova embaixada, que hoje é nossa caçulinha – em breve haverá outras, mas no momento é a mais nova do Brasil na nossa rede de postos no exterior -, vem completar um tabuleiro, ela fecha um ciclo de presença do Brasil no Golfo”, declarou à ANBA.
“As relações bilaterais merecem essa elevação no nível de interlocução” falou. O Bahrein abriu embaixada em Brasília em 2018 e tem embaixador no País. “O Brasil agora reciprocou esse gesto que era esperado”, disse.
Em 2024, o Bahrein e o Brasil comemoram 50 anos de relações diplomáticas. “Há uma longa história que começou em 1974 que no começo era um acúmulo de atividade da Arábia Saudita, depois do Kuwait, e só em novembro de 2021 o Brasil passou a ter uma embaixada lá. E agora, serei o primeiro embaixador residente do Brasil. Entendo o peso dessa responsabilidade e estou empolgado com este desafio”, declarou Pucci.
O diplomata informou que esta é uma presença planejada e que há um projeto entre os países. “É uma inserção estratégica que vem para um projeto de plano de ação. Os governos estão estudando, esboçando um plano de ação com duração de cinco anos, que vai cobrir as áreas prioritárias, que são política, comercial, defesa, ciência e tecnologia – que vem com meio ambiente – e também esporte e cultura”, disse.
O plano de ação quinquenal será implementado assim que Pucci assumir e deve ser concluído até 2028, seguindo esses cinco grandes eixos de ação, em paralelo com a abertura de um setor comercial e da mudança do setor consular, que hoje opera no Kuwait, para Manama.
“A parte consular, tão logo cheguemos lá vamos pleitear, depende da ampliação do espaço da embaixada, que está em estudo. A autorização para abrir vem de Brasília e estamos recebendo acenos favoráveis no sentido de instalar um setor consular presencial lá, porque temos de 200 a 250 brasileiros lá”, contou.
Este é o primeiro posto de Pucci como embaixador. Em sua carreira no Itamaraty, ele foi ministro conselheiro – o segundo cargo mais importante – nas embaixadas do Brasil na Santa Sé [Vaticano] e em Madri [Espanha].
“Antes disso eu servi na missão junto às Nações Unidas em Nova York e nas embaixadas em Caracas [Venezuela] e em Montevidéu [Uruguai]. Agora, estou encantado com a perspectiva de olhar o nosso continente de longe e ter uma perspectiva distinta do ponto de vista externo sobre o ocidente”, disse.
“Considero a embaixada como um livro aberto, estamos escrevendo as primeiras páginas desse livro. Espero fazer um trabalho principalmente de estruturação e de implementação de diversos memorandos de entendimento e acordos que já foram assinados”, declarou o embaixador.
Ele citou como exemplo um acordo de serviços aéreos de 2018 que permitiria voos diretos entre o Brasil e Bahrein. Há também um memorando na área cultural entre academias diplomáticas, segundo Pucci, e o acordo-quadro sobre cooperação militar, que foi assinado em setembro de 2022, e está em tramitação no Senado Federal.
“A assinatura desse acordo vai criar um quadro inclusive de cooperação de forças, e permitir uma melhor inserção da nossa base industrial de defesa no Bahrein, e que nós possamos também exportar munições e outros equipamentos”, disse. Segundo ele, o Brasil já exporta para o país na área, mas pode haver maior movimentação de empresas brasileiras nesse mercado.
“Outro acordo é o da Marinha do Brasil, que já ocupou duas vezes o comando de uma força-tarefa multinacional que combate a pirataria do Chifre da África, se chama força-tarefa combinada CTF-151. A Marinha do Brasil poderá vir a ocupar pela terceira vez a liderança, há uma presença muito reconhecida da Marinha do Brasil na região”, informou.
Pucci declarou que conta com o apoio do empresariado brasileiro que tem interesse no mercado árabe para ampliar a presença no país, e que a embaixada do Brasil vai estar à disposição como um instrumento de aproximação dos dois países durante o tempo que ele estiver lá.
Comércio bilateral
O Bahrein foi o quinto principal destino árabe das exportações brasileiras em 2022 e a nona nação árabe fornecedora do Brasil ano passado. Em 2021, 96% das exportações do Brasil ao Bahrein foram de minério de ferro. Outros produtos foram carne de frango, coque de petróleo, tubos e perfis ocos de ferro ou aço e pastas químicas de madeira. No mesmo ano, o Brasil importou do Bahrein principalmente alumínio (43%) e também petróleo e fertilizantes.
Pucci visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta sexta-feira (11) e foi recebido pelo presidente da entidade, o embaixador Osmar Chohfi, e pela analista de Relações Institucionais da entidade, Elaine Prates.