São Paulo – O Brasil vai repassar suas experiências em proteção social ao governo do Egito, enviando relatórios de suas melhores práticas e deixando abertas as portas para que os egípcios participem de eventos relacionados ao tema no País.
O acerto desta cooperação é resultado de uma missão conjunta realizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) e o governo brasileiro de 09 a 13 de março ao país árabe. A visita à nação do Norte da África foi solicitada pelo próprio governo egípcio devido ao conhecimento do Brasil na criação e implementação de políticas sociais.
Segundo Sharon de Freitas, oficial de Programas do Centro de Excelência, os egípcios demostraram uma grande preocupação em retirar suas crianças e adolescentes das ruas. “Por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) vamos enviar as melhores práticas que o Brasil tem nas áreas de interesse deles. E se houver workshops aqui (sobre proteção social) eles também serão convidados”, contou.
“Visitamos o Centro Modelo Vocacional, onde eles mostraram o que estão fazendo para tirar os jovens das ruas. Eles dão aulas de pintura de parede, cursos de eletricista, de hidráulica. Os alunos escolhem o que querem aprender”, explicou. Freitas contou que o governo egípcio está tentando fazer parcerias com a iniciativa privada para poder encaminhar estes jovens ao mercado de trabalho.
De acordo com Freitas, o foco inicial da visita era a alimentação escolar, mas acabou sendo ampliado a pedido das autoridades egípcias. “No Egito, a grande batalha é tirar as crianças da rua, colocar nas escolas e ter escola suficiente para todas as crianças”, apontou.
Segundo a oficial do Centro de Excelência, o Egito também enfrenta um grande desafio na universalização da merenda. “Eles não têm uma alimentação universal como no Brasil. Hoje, são as organizações internacionais e as ONGs que são responsáveis pela alimentação escolar”, afirmou.
Freitas lembrou que, no Brasil, uma lei de 2009 determinou que 30% das verbas destinadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) devem ser utilizados obrigatoriamente na compra de alimentos provenientes da agricultura familiar. “Esse link com a agricultura familiar chama a atenção do mundo inteiro e eles ficaram impressionados com a experiência do Brasil nessa área”, destacou.
A missão ao Egito foi composta também por especialistas da ABC, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNE) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Eles fizeram visitas a escolas, plantações e também ao Ministério da Solidariedade Social. As visitas aconteceram no Cairo e em cidades próximas à capital do país. Também houve um encontro na embaixada brasileira e reuniões com representantes dos ministérios egípcios da Agricultura e Cooperação Internacional.
Segundo informações do PMA, o Egito investe US$ 60 milhões por ano em seu programa de alimentação escolar, alcançando 5,3 milhões do total do total de 17 milhões de crianças matriculadas nas escolas do país.


