Da redação
São Paulo – O Brasil deve exportar aproximadamente 400 mil toneladas de algodão em pluma na safra 2003/04, prevê o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ivan Wedekin. Ele apresentou a projeção ao fazer palestra durante o 3º Congresso Internacional de Algodão, em Jizhaigou, na China. O evento – aberto no último dia 25 e encerrado hoje (30) reniu cerca de 600 produtores e importadores de todo mundo.
Com uma safra estimada em 1,1 milhão de toneladas de algodão em pluma em 2003/04, o que representa um aumento de 28,3% sobre as 847,5 mil toneladas da safra anterior, o Brasil monopolizou as atenções durante o congresso, junto com a China, maior produtor mundial de algodão.
Fatos novos
Em sua palestra, intitulada "O Brasil pode voltar a ser um grande exportador de algodão?", Wedekin mostrou o potencial brasileiro de produção e de exportação de algodão.
"O Brasil e a China, por motivos diferentes, são os fatos novos no mercado mundial de algodão", afirmou o secretário de Política Agrícola.
Com o crescimento da produção, destacou, a cotonicultura brasileira terá maior oferta de excedentes exportáveis. Já a China, em conseqüência do aumento das exportações causado pela abertura de mercado e de uma quebra de safra, precisará importar 850 mil toneladas de algodão em 2003/04, explicou Wedekin.
"Em 1999, a China era uma exportadora líquida – exportações menos importações – de 340 mil toneladas de algodão em pluma. Em 2001, passou a ser uma importadora líquida de 24 mil toneladas", ressaltou Wedekin.
De acordo com ele, isso ocorreu a partir do ingresso daquele país na Organização Mundial do Comércio (OMC).
"A China passou a ter uma importante posição no mercado de têxteis, o que requer mais matéria-prima para atender a demanda externa e interna."
Com a redução da oferta do algodão chinês, os importadores de todo mundo, como os dos Estados Unidos e da Austrália, voltam-se para o Brasil. Diante desse cenário, o secretário de Política Agrícola estima que as exportações brasileiras de algodão em pluma devem saltar das 185 mil toneladas embarcadas no período 02/03 para 400 mil toneladas na safra 2003/04. "Os cotonicultores brasileiros já têm contratos de exportação assinados até 2005."
Além de participar do congresso, a delegação brasileira – formada por representantes da Associação Brasileira de Algodão (Abrapa) e cotonicultores de São Paulo, Minas Gerais e Paraná – também está visitando algumas regiões chinesas produtoras de algodão.
Segundo Wedekin, os chineses têm intenção de realizar negócios com o Brasil. "E os nossos produtores têm interesse em importar da China máquina beneficiadoras de algodão, já que a nossa frota tem mais de 20 anos."