São Paulo – A farinha de limão produzida pelas comunidades quilombolas localizadas no município de Cidade Ocidental, no entorno de Brasília (DF), não será mais consumida apenas no estado de Goiás. No segundo semestre de 2008 serão enviados os primeiros 20 quilos para um importador dos Estados Unidos. “Estamos cuidando dos últimos detalhes da certificação e demais exigências burocráticas para exportar”, afirma Oscar Andrades, o idealizador do projeto que está beneficiando 200 famílias.
De acordo com Andrades, esse primeiro embarque deve credenciar a marca Quilombola’s para chegar a mercados como Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “Tenho pesquisado muito na internet, em jornais e revistas e identifiquei um enorme potencial no mercado árabe para nossos produtos”, conta.
A farinha de limão tahiti foi desenvolvida com tecnologia transferida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e traz muitos benefícios para a saúde. “Ela combate insônia, enxaqueca e problemas respiratórios”, explica. Segundo Andrades, ela pode ser consumida junto com os alimentos, sem alterar em nada o sabor porque é 100% natural e não usa conservantes. Também pode ser usada para fabricar bolos e doces.
Além da farinha de limão, a comunidade também produz fibra de maracujá, indicada para o controle de diabetes, e fibra de berinjela, indicada para prisão de ventre, artrose e atrite, e ainda a fibra de banana, indicada como suplemento alimentar por ser rica em cálcio e potássio. “Assim que tivermos possibilidade de negócios vamos buscar a certificação também para essas três fibras”, afirma Andrades, que é jornalista aposentado e sempre foi ligado à área de agricultura.
“Em 2006, quando conheci a fibra de maracujá, que reduziu meus índices de diabetes, enxerguei uma oportunidade nessa área e também uma maneira de levar uma alternativa de emprego e renda para as comunidades quilombolas, um projeto antigo que finalmente consegui colocar em prática”, destaca.
O primeiro passo foi participar de cursos na Embrapa e na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para saber mais sobre o assunto e ter acesso à tecnologia. Depois disso, Andrades comprou os equipamentos necessários para fabricar as fibras e farinhas e iniciou a parceria com os produtores da matéria-prima.
Para a fibra de banana, Andrades também tem outros planos. Quer incluí-la na lista de produtos utilizados na alimentação escolar e também produzir macarrão, muito mais nutritivo do que o macarrão tradicional. “O problema é que a área de massas e biscoitos é dominada pelas multinacionais e um produto que custa 1/3 do valor dos que já estão no mercado pode demorar um pouco para conseguir espaço”, comenta.
O grande sonho de Andrades é que a partir da produção de cada um desses produtos possam ser criadas pequenas agroindústrias para gerar novas oportunidades de renda dentro das próprias comunidades quilombolas – formadas em sua maioria por descendentes de escravos, e que sobrevivem basicamente da agricultura, plantando milho, criando galinhas, porcos e, agora, cultivando maracujá, berinjela, banana e limão taiti.
"Já fomos procurados por pessoas interessadas em comprar a idéia, mas o que nós queremos não é apenas uma compensação econômica, mas atender a necessidade social daquelas comunidades. A garantia de que elas possam continuar trabalhando com dignidade e garantindo o sustento com suas próprias mãos", diz.
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