Isaura Daniel
São Paulo – As exportações brasileiras cresceram 60,4% para África e 14% para o Oriente Médio em faturamento nos primeiros quatro meses do ano. Enquanto as vendas para os Estados Unidos caíram 3,3% no período, a África apresentou o crescimento mais expressivo como destino dos produtos nacionais. Egito, Marrocos e Argélia, juntamente com a África do Sul, estão entre os países africanos que mais aumentaram as compras do Brasil.
Os embarques para a Argélia, por exemplo, subiram 169% em comparação ao mesmo período do ano passado. Para o Egito o crescimento foi de 103% e para o Marrocos de 110%. Juntos, os países africanos importaram US$ 1,1 bilhão do Brasil.
De acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Michel Alaby, a região pode estar substituindo as aquisições da Europa pela América Latina em função da alta do euro. Na lista de produtos mais vendidos para os três países árabes estão os alimentos, como a carne bovina, o açúcar, o trigo e o óleo de soja, além de algodão, veículos, minérios, tubos de ferro e aço, siderúrgicos e fios de alumínio.
Alaby diz que o fato de minérios e aço estarem incluídos nos primeiros lugares do ranking de embarques é também um sinal de crescimento da indústria local.
Um abril no azul
Parte do salto de vendas do quadrimestre para a região foi impulsionado pelo desempenho de abril. A África comprou 68,7% mais do Brasil no mês e o Oriente Médio 28,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Emirados Árabes, Síria e Iraque foram os destinos de maior crescimento no Oriente Médio no mês.
Os brasileiros faturaram US$ 45 milhões nas vendas para os Emirados, com alta de 136%, US$ 15 milhões para a Síria, dez vezes mais que em abril de 2003, e US$ 12 milhões para o Iraque, que em abril do ano anterior não havia registrado compras. Alimentos, tubos de aço e ferro, equipamentos de terraplanagem, chassis com motor, veículos de carga e bombas centrífugas foram os produtos mais vendidos para a região.
O desempenho geral das exportações brasileiras também foi positivo. O país encerrou os quatro primeiros meses do ano com um superávit de US$ 8,12 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As exportações somaram US$ 26 bilhões, com crescimento de 23,9% sobre o mesmo período de 2003, e as importações US$ 17,9 bilhões, 16,2% maiores.
O valor das vendas externas foi recorde para o mês de abril, superando 2003 em 15%, com um volume de US$ 6,5 bilhões. O principal destino das exportações nacionais continua sendo a União Européia, com US$ 1,7 bilhão. As importações dos Estados Unidos se mantiveram estáveis em abril (-0,5%).
O secretário-geral da Câmara Árabe-Brasileira acredita que as vendas do Brasil para os Estados Unidos não chegarão a ser afetadas caso o banco central norte-americano resolva aumentar a taxa básica de juros do país. Até o final do ano, a balança comercial brasileira deverá apresentar um superávit de US$ 26 bilhões, segundo as previsões da Confederação Nacional da Indústria. As vendas externas poderão alcançar US$ 82 bilhões e as importações US$ 56 bilhões.
Carne de frango mais cara
Além do aumento das quantidades embarcadas, a elevação do preço de alguns produtos ajudou a engordar as receitas da balança comercial em abril. O farelo de soja, por exemplo, foi vendido por um valor 39,7% maior do que em abril de 2003, a carne de frango 37,9% e a carne bovina 35,8%.
O frango foi o quarto principal produto básico exportado pelo Brasil e tem na Arábia Saudita um dos seus maiores compradores, ao lado de Japão, Países Baixos e Rússia. De acordo com o secretário-geral da CCAB, o aumento de preço ocorreu em função da gripe asiática e não deve inibir as vendas brasileiras do produto para os países árabes.
"O Brasil é o único país que não tem gripe asiática. A outra alternativa seria a França, mas os franceses têm o problema do euro (valorizado)", diz Alaby.