São Paulo – De uma infância humilde na periferia de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a uma carreira de sucesso em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Essa é a história de Glaucia Sousa, que juntou seu pé de meia há três anos e foi estudar inglês no emirado e por lá se estabeleceu. Hoje, ela se consolidou dando consultoria para empresas brasileiras que querem entrar no mercado dos Emirados Árabes, além de dar mentoria sobre consciência financeira para mulheres expatriadas.
Em novembro de 2020, Glaucia se propôs o desafio de aprender inglês aos 35 anos. “Aqui em Dubai tive que me virar, trabalhei na escola de inglês, na cafeteria, depois coloquei como meta trabalhar na Expo 2020 e consegui. Lá desenrolei o inglês e começaram a surgir oportunidades de consultoria. Fui para a internet, criei um canal no Youtube para mostrar minha vida para pessoas da minha realidade, mulheres de mais de 30 anos, em intercâmbio, dando informações, e então comecei a fazer as consultorias com planejamento financeiro para expatriadas e para empresas”, disse em entrevista à ANBA.
Por ter um currículo na área de finanças e uma carreira de mais de 15 anos, Glaucia conta que é procurada por terem confiança em seu trabalho. “Hoje foco nisso, continuo atendendo o Brasil com empresas que têm essa consciência socioambiental, fazendo consultoria com planejamento financeiro”, disse.
Seu trabalho com as expatriadas, em sua maioria mulheres brasileiras e latinas que vão morar em Dubai com os maridos, é uma mentoria financeira. “Sou a primeira coach financeira mulher e negra em todos os emirados. No Brasil, eu falo muito com pessoas em transição de vida e carreira, é mais uma questão de organizar o dinheiro para mudar de vida. Aqui, com as expatriadas, na maioria dos casos a questão é a dependência emocional e financeira, de não terem acesso às contas, não poderem planejar seu futuro. Existe algo no nosso inconsciente [brasileiras] de não conversar sobre dinheiro, elas muitas vezes chegam aqui e o marido está trabalhando muito, algumas nem falam inglês, é algo delicado, que gera depressão, ansiedade e muitos divórcios. Essa consciência financeira, aqui, é num patamar diferente, é muito mais sobre a independência financeira e emocional”, declarou.
Para lidar com essas questões, Glaucia propõe às expatriadas que criem um plano para trilhar um caminho para a independência financeira, desde a conversa com a família sobre dinheiro, os cursos que deverá fazer, entre outros aspectos.
“Em 2022, foi feita uma pesquisa entre a comunidade brasileira em Dubai e, em média, 53% das mulheres expatriadas faziam psicoterapia e tomavam remédios antidepressivos ou para ansiedade”, contou.
Glaucia vê como uma missão apoiar pessoas a terem uma vida em equilíbrio por meio da consciência financeira. “E uso isso para tudo, tanto na consultoria como no coaching individual, vejo que minha missão aqui é tornar a vida das pessoas mais equilibrada, tranquila, e com conhecimento de causa de como é viver aqui”, disse. Em suas redes sociais, Glaucia leva informação para que as pessoas viajem ao emirado mais preparadas.
História
Sua inspiração profissional veio de dentro de casa, com sua mãe, que tinha três filhos para cuidar e os levava para trabalhar como vendedora. “Minha mãe vendia de tudo, era sacoleira, hoje se fala empreendedora, e desde os cinco, seis anos de idade eu acompanhava ela e fui desenvolvendo essa coisa de ouvir, de estar com gente, de negociar”, disse.
Com formação técnica pelo Senai em cerâmica e plástico, Glaucia conheceu a área de sustentabilidade e passou mais de 12 anos atuando com projetos de sustentabilidade e vendas, até que começou a dar treinamentos e empresas. “Fui convidada pelo Senai para dar aula, e me encontrei quando fui trabalhar com gente falando de um assunto que eu já gostava”, disse.
A consultora se formou em Gestão Comercial, tem MBA em Gestão de Negócios em ESG e especialização em Neuroeconomia e finanças comportamentais. “Me especializei em programação neurolinguística e depois em coach, e mais para frente veio a educação financeira, consciente e sustentável, que hoje traduzi como finanças sustentáveis, no sentido do melhor consumo, do minimalismo, o que foi um grande desafio ao vir para Dubai, que tem muita ostentação, então passei a falar de essencialismo, o que é essencial para cada pessoa”, disse.
Voluntariado
“O voluntariado me possibilitou vivenciar outras culturas, como a Tailândia, Nepal, Egito, Turquia e Argentina”, contou Glaucia, que, apesar de manter sua base em Dubai há três anos, se considera nômade digital, e viveu cerca de um mês e meio em cada um desses países fazendo trabalho voluntário.
“Eu já fazia ações sociais no Brasil há mais de dez anos. Com essa vinda para cá, quis conhecer outras culturas, sempre atuando com o empoderamento feminino. Agora estou planejando as próximas, para Indonésia e Quênia. De tudo que ganho hoje, eu tiro dez porcento para fazer essas ações sociais e sigo na missão de falar de educação financeira”, disse.
Na COP28, Glaucia trabalhou como voluntária do grupo Mulheres do Brasil, na parte de mídia e divulgação, e participou de alguns eventos de que a Câmara de Comércio Árabe Brasileira fez parte.
Contato
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