São Paulo – Bruna Bardavid Gobbo já vivia no Catar por quatro anos quando teve a ideia de criar uma agência de viagens para atender brasileiros que querem conhecer o país árabe. Com a chegada da pandemia em 2020, a brasileira, com experiência em turismo, decidiu investir tempo e dinheiro na concepção do negócio.
“Depois de alguns anos morando no Catar, comecei a trabalhar em uma empresa de turismo. Com o fechamento das fronteiras, saí da empresa e decidi abrir o meu próprio negócio, mirando a Copa do Mundo do Catar, que aconteceria em 2022. Nesse período criei e patenteei a marca Conexão Qatar, e fui estruturando toda a minha empresa”, diz Bruna (foto acima).
A ideia de criar o negócio especializado em brasileiros veio quando Bruna, de 36 anos, percebeu que havia uma brecha na área de turismo local: faltava um serviço de viagem no Catar que fosse mais profissional e totalmente customizado para quem tem o Brasil como origem.
“Nós sabemos que o brasileiro é um tipo de turista que gosta muito de viajar e de apreciar serviço premium. Ele gosta de contar com um serviço mais personalizado, com assessoria respondendo pelo WhatsApp durante a viagem para tirar dúvidas, é algo que faltava por aqui”, conta.
Em outubro de 2021, com a reabertura do Catar para receber turistas, a profissional de Administração de Empresas passou a receber brasileiros que queriam conhecer o Catar como destino intermediário ou destino final.
“A maioria das pessoas que eu recebo estão em lua de mel. Tem gente que fica por aqui por alguns dias antes de seguir para as Maldivas, por exemplo. Existem outras pessoas que atendo que passam no Catar antes de irem para outros destinos como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. Entretanto, tem aumentado a procura do Catar como destino final das viagens dos casais.”
Entre os serviços oferecidos pela Conexão Qatar estão roteiros personalizados, transfer do aeroporto até o hotel, do hotel até o aeroporto e durante os passeios, acompanhamento nos passeios, gerenciamento de reservas em hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos. Fora alguns atendimentos feitos a turistas argentinos, franceses e australianos, hoje praticamente 100% dos clientes da empresa são brasileiros.
Além dos casais, Bruna já atendeu grupos de famílias brasileiras entre 15 e 20 integrantes. De olho no futuro, a empresária pretende expandir os negócios e começar a oferecer tour em inglês e espanhol.
Vida no Catar
Antes mesmo de mudar de país, viajar já fazia parte da rotina de Bruna. Nascida em Niterói, Rio de Janeiro, aos 18 anos ela se mudou para São Paulo para fazer faculdade de Administração de Empresas.
Depois de formada, teve a oportunidade de conhecer diferentes países enquanto trabalhava como comissária de bordo. Durante os sete anos de profissão conheceu países como Estados Unidos, Itália, Espanha e Alemanha.
Apesar de viajar bastante, a ideia de mudar de país ainda não fazia parte do imaginário de Bruna até 2015. Foi neste ano que o marido, Andre Gobbo, piloto de avião, recebeu uma proposta para trabalhar em uma companhia aérea da Turquia.
A vida no exterior se mostrou promissora, por isso, no ano seguinte, ao invés de voltar para o Brasil, o casal decidiu seguir para outro país, o Catar.
“Em 2016, meu marido recebeu outra proposta de emprego, dessa vez para trabalhar no Catar. Desde então, vivemos aqui. Hoje temos três filhos e amamos viver neste país. A segurança é o principal motivo que nos faz morar fora do Brasil. A criminalidade é tão baixa que posso sair de noite sozinha sem me preocupar se alguém vai roubar meu celular, por exemplo”, conta Bruna.
Além da segurança, a educação acima da média recebida pelos filhos da brasileira e as oportunidades de fazer negócios estão entre as outras razões que mantêm a família no Catar. “Mesmo sendo estrangeira, nunca sofri preconceito, constrangimento ou impedimento quando comecei a trabalhar com turismo no país.”
A adaptação ao Catar aconteceu de forma mais tranquila para a brasileira do que na Turquia. “Aqui é um país multicultural e conta com 80% de sua população formada por estrangeiros. Por isso, me acostumei mais rapidamente. A língua era uma barreira na Turquia, já aqui, todo mundo fala inglês, por isso foi bem mais fácil para me comunicar”, relembra Bruna.
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA