São Paulo – O Brasil não tem grandes acervos de arte egípcia nem é um grande centro de pesquisa neste ramo da História Antiga. Mesmo assim, tem crescido o interesse de profissionais daqui em desenvolver projetos e estudos de fatos ocorridos há dois mil anos no Egito. É o caso da professora de História Antiga da Universidade do Rio Grande do Norte, Márcia Vasques, que pretende, em 2014, estudar as máscaras mortuárias da região Fayum, no Nordeste do Egito, entre os séculos 1 d.c. e 3 d.c., época de domínio do Império Romano.
Doutora em arqueologia e especialista em máscaras egípcias na Universidade de São Paulo, a professora se prepara agora para aprofundar os estudos nas técnicas empregadas pelos egípcios ao compor as máscaras dos mortos.
Quando elaborou a tese de doutorado, entre 2001 e 2006, Vasques utilizou estudos divulgados por publicações estrangeiras e as poucas máscaras disponíveis no Brasil. Ela afirma, porém, que a maior parte do acervo está em museus e universidades europeias.
"Geralmente fazemos essas pesquisas em instituições europeias, que são aquelas mais ricas em acervo e informações. Podemos até passar por sítios arqueológicos no Egito, mas a conclusão, geralmente, depende do acervo que está na Europa", afirma Vasques.
Vasques está, atualmente, preparando a bibliografia do pós-doutorado, que deverá ser uma pesquisa aprofundada dos estudos que ela desenvolveu durante o doutorado. As máscaras estudadas por Vasques são do período em que o Egito foi uma província do Império Romano, entre o século 30 a.c. e 395 d.c. Elas foram confeccionadas nas regiões do Alto Egito, Médio Egito, Fayum e os oásis de Kharga e Baharyia. Na próxima etapa dos seus estudos de máscaras, Vasques deverá se concentrar nos objetos encontrados na região de Fayum.
"Pretendo me restringir à região do Fayum para observar mais detalhadamente como estas pessoas viviam no período de dominação romana e como gerenciavam a questão da morte e das suas crenças funerárias em um ambiente de intenso contato e trocas culturais", diz.
Embora a história egípcia esteja longe da realidade e da história brasileiras, Vasques afirma que o interesse que outras épocas e locais despertam nos pesquisadores ajudam a enriquecer a educação do País. Ela afirma que tem havido maior interesse dos brasileiros além da própria história do Brasil.
"É importante para a inserção do Brasil na academia internacional. Quando um país ganha projeção, o meio científico acompanha esta mudança e há uma tendência de maior participação de cientistas brasileiros em projetos internacionais. Em especial no caso do Egito posso dizer que os estudos de Egiptologia podem ser futuramente um elo importante do Brasil com o mundo árabe e o Norte da África", diz.