São Paulo – Com olhares firmes para a câmera, crianças e adolescentes palestinos foram registrados pela fotógrafa Karine Garcêz. A brasileira percorreu países do Oriente Médio para retratar a realidade daqueles que ainda nos primeiros anos de vida lidam com a situação de refúgio. “Escolhi o recorte da criança por causa do sorriso. A mensagem delas é mais marcante”, revela a cearense. As fotos podem ser vistas na exposição “Infância Refugiada”, que será inaugurada neste Dia das Crianças (12), no Museu da Imigração, em São Paulo (SP).
Garcêz reuniu 28 imagens, clicadas entre 2014 e 2015, quando esteve em Beirute, no Líbano, em Gaziantep, na Turquia, e em Yarmouk, na Síria. A abertura será às 11 horas, com entrada gratuita. A mostra ficará em cartaz até o dia 16 de dezembro e o Museu informa que quatro das fotografias foram adaptadas para que as pessoas com deficiência visual possam interagir com elas através do tato.
Com a exposição, a fotógrafa busca gerar sensibilidade. “É mais para despertar nas pessoas a empatia com o outro, a sensibilidade. Estamos em um momento de muita xenofobia, muito discurso de ódio presente. A ideia é despertar essa sensibilidade. Seja para as crianças de rua, seja para as refugiadas ou para seu vizinho”, destaca.
Para a diretora executiva do museu, Alessandra Almeida, o refúgio é uma crise humanitária em crescimento e a sociedade precisa entender os motivos desses deslocamentos e se solidarizar com a situação. O museu promove também campanha de arrecadação de brinquedos em boas condições durante o período em que a exposição ficará em cartaz. Os brinquedos serão doados para crianças atendidas pelo Centro Social Nossa Senhora – Casa de Acolhida. Antes da inauguração, haverá a oficina “O mundo de ponta cabeça: construindo uma câmara escura” para as crianças. Já neste sábado (13) e domingo (14), acontece a visita temática Crianças que Migram, às 11 horas.
O projeto
Karine Garcêz se ligou à fotografia em 2012, quando fez uma viagem à Arábia Saudita para participar da peregrinação a Meca. Ela é muçulmana. “Quando eu fui para o Hajj, eu queria fotografar tudo o que via. Depois, fui para a Faixa de Gaza. Foi uma experiência única. Tive que aprender as técnicas ao mesmo tempo de aprender uma realidade totalmente fora do meu contexto, que só conhecia por relatos”, explica ela, que é também estudante de Relações Internacionais.
Para além da fotografia, Garcêz tornou o “Infância Refugiada” um projeto. “Por meio da exposição queria arrecadar fundos para realizar ações voluntárias lá.” Depois de exposições no Ceará, na Paraíba e em São Paulo, ela reuniu o dinheiro necessário para a primeira ação. “Consegui arrecadar uma parte. Uma quantidade razoável que transformei em 100 kits de material escolar que eu distribuí num campo de refugiados no Líbano, no Vale do Bekaa”, conta.
A fotógrafa diz que pretende fazer novas ações através do trabalho que fez inspirado em profissionais com Sebastião Salgado e Tiago Santana, fotógrafo cearense. “Eu pensei em mostrar um lado na infância que as pessoas não veem. Veem mais o drama, espetacularização da dor. Queria mostrar o lado humano, o olhar das crianças e a inocência.”
Serviço
Exposição Temporária “Infância Refugiada”
Data: 12 de outubro (sexta-feira)
Inauguração: 11h00 / Entrada: Gratuita
Local: Museu da Imigração – São Paulo (SP)
Mais informações: www.museudaimigracao.org.br