São Paulo – Uma luz azul e única é como o fotógrafo Paulo Fabre descreveu o ambiente da cidade de Tanger, no Marrocos. O brasileiro passou quatro dias no local, em 2018, e no seu regresso ao Brasil percebeu semelhanças com a capital fluminense. A ideia de Fabre deu origem ao projeto Rio-Tanger. Nele, o profissional traça paralelos entre registros que fez em locais como a Cinelândia e a Lapa e a cidade marroquina.
Apesar de anos separarem os cliques, já que as fotos no Rio de Janeiro datam de 2010 e 2011, Fabre reconheceu uma ponte entre o cotidiano carioca e o de marroquinos. “Eu cismei de ir para Tanger. É uma cidade que tem muita história, desde o tempo dos fenícios, e vive hoje um momento de renovação. Além disso, muitos artistas passaram por lá, como os escritores americanos Paul Bowles e Jane Bowles, que se mudaram para Tanger e receberam outros autores como Truman Capote. E os Rolling Stones passaram uma temporada em Tanger no final dos anos 60”, contou o fotógrafo.
É outro artista, o pintor Henri Matisse, que também fala sobre as luzes de Tanger, lembra Fabre. “Ele atribui às luzes e cores de Tanger uma guinada importante na sua pintura”, afirmou o brasileiro.
O livro
Do ensaio nasce agora um livro fotográfico que será publicado ainda neste ano pela editora marroquina Khbar Bladna. O título sairá na seção de arte para colecionadores e será a primeira publicação de um artista brasileiro pela editora. O contato com a editora foi feito por Fabre a partir da descoberta de um título quando ele visitava livrarias locais. “Comprei um livro deles e escrevi para a editora. Ela gostou muito da ideia das fotos”, contou ele sobre a artista internacional Elena Prentice, dona da Khbar Bladna.
O lançamento da publicação está previsto para maio, quando a cidade marroquina sedia uma feira de literatura. Por ser voltado para a fotografia, a obra tem apenas alguns textos, mas estes serão publicados em inglês, francês e árabe. A tiragem inicial será de 150 a 200 exemplares.
“Fiquei muito feliz de ter um livro publicado no Marrocos. Acho que aqui começa uma conversa entre os países e o Rio e Tanger. São duas cidades portuárias. O Rio é nosso cartão postal. E Tanger tem essa coisa da mistura de povos. Fundada pelos fenícios, sempre foi um porto, uma cidade de comércio de troca, de tudo. No Rio também tem um pouco de tudo”, explicou o fotógrafo.
Está nos planos de Fabre uma futura publicação da obra aqui no Brasil. “Gostaria de lançar o livro aqui e fazer uma pequena exposição. E com essa intenção de abrir uma conversa. Se um fotógrafo viu tanta semelhança nos dois lugares, acho que tem muito mais que aproxime Brasil e Marrocos”, acrescentou ele, que está à procura de apoio para tornar o planejamento uma realidade.
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