São Paulo – Nascido no Rio de Janeiro, Luiz Góes (foto acima), formado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, vem se destacando nos Emirados Árabes Unidos como CEO da LYOPAY desde junho de 2021. Entre os mais de 30 serviços da plataforma de pagamentos digitais estão as transferências internacionais, cartões virtuais, carteiras digitais e criptomoedas. Só em Dubai, a empresa conta com 400 funcionários.
O carioca de 39 anos com MBA em Gestão Pública conta que saiu na frente no processo seletivo da fintech, que tem sede em Dubai, Emirados Árabes, por ser brasileiro. “Poucas pessoas sabem, mas o Brasil é referência para o sistema bancário mundial. Todo nosso ego enquanto nação está em futebol, bossa nova, etc… mas não em coisas tão disruptivas como código de barras, que ajudamos a criar, open banking, terceirização do Banco Central e o pix, que é inovador no mundo.”
Além da nacionalidade, outras características fizeram o brasileiro ser escolhido pela fintech, como experiência e networking. Ao mesmo tempo em que atuava como militar no Brasil, Góes teve experiência com o mercado financeiro e comercial, até chegar ao cargo de consultor de investimentos de uma instituição financeira italiana. De janeiro de 2018 a março de 2019, o brasileiro trabalhou na sede da empresa, localizada no 143º andar do maior prédio do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai.
Apesar de ter atuado nessa empresa só por um ano, sua presença foi marcante o suficiente para que um de seus colegas de trabalho o indicasse para a vaga de CEO na LYOPAY em 2021. “Foi uma surpresa agradável (ser contratado), porque tinha pessoas com currículos até mais específicos que o meu. Porém, a LYOPAY queria alguém que tivesse contato profundo com a comunidade e fosse um bom comunicador.”
Durante sua carreira no mercado financeiro, Góes ainda foi consultor de câmbio de criptomoedas de desenvolvimento de negócios da Altcoin Lab, fundou a própria empresa, a LGBank, plataforma especializada em tokenização (processo de transformar ativos físicos ou produtos financeiros tradicionais em ativos digitais) e acabamento de criptoativos, e atuou como assessor digital oficial do escritório privado do xeque Hamdan bin Ahmed Al Maktoum.
Em relação às passagens por Dubai, o CEO destaca que houve um crescimento no mercado de bitcoin. Atualmente existe um departamento próprio para a criptomoeda, que a colocou como commodity. Também foi criado o Dubai Multi Commodities Centre (DMMC), maior zona de livre comércio dos Emirados Árabes Unidos, onde as pessoas podem abrir empresas deste setor. Em 2023, foi fundado o Virtual Assets Regulatory Authority (Vara), uma autarquia para fiscalizar as operações de criptomoedas.
Presença em países árabes e Brasil
A LYOPAY, criada pela DIGILYO APP LTD – empresa sediada no Reino Unido -, atende mais de 10 milhões de clientes espalhados por 82 países de cinco continentes. Dentro do ecossistema da fintech existem 10 produtos, que se dividem entre os mais de 30 serviços. O LYOSWAP BOT, por exemplo, é um bot de Telegram onde os usuários compram e vendem criptomoedas; já o LYOTRAVEL é uma plataforma de viagens para comprar passagens aéreas com bitcoin e altcoins.
Dependendo da legislação vigente no país e dos hábitos da população local, um serviço ou outro pode ter preferência e estar mais em evidência. Mas de acordo com Góes, um dos produtos mais destacados da companhia é o Lyopay Card, um cartão pré-pago que permite aos usuários fazer compras online e offline em mais de 150 países. Da lista de países atendidos, 12 nações são árabes: Egito, Marrocos, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Bahrein, Omã, Jordânia, Síria, Argélia e Sudão.
Com relação ao Brasil, a plataforma vê o País como um mercado promissor e em crescimento para o setor, com grande potencial para a adoção de novas tecnologias financeiras. Um dos serviços da fintech que mais se destaca em solo brasileiro é o Lyofi, feito em parceria com o LGBank, que vende cotas de hardware de processamento para projetos cripto. Em breve o LYOPAY Pro vai entrar no mercado nacional, com o qual os brasileiros poderão comprar, vender, sacar e depositar criptomoedas.
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA