São Paulo – Os brasileiros mudaram o hábito nas compras de azeite para fazer o alimento caber no orçamento devido ao aumento de preços ocorrido nos últimos dois anos. A percepção é da presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), Rita Bassi.
“As empresas começaram a fazer coisas diferentes, teve muitas que optaram por fazer embalagens intermediárias. Tinham garrafas de 500ml e 250 ml, fizeram uma intermediária”, afirma. Ela enxerga que neste período de alta de preços, o consumidor brasileiro seguiu comprando azeite, mas adquiriu o produto em quantidade menor. “Uma pessoa que comprava quatro garrafas todo mês diminuiu um pouco o volume”.
A colheita de azeitonas, que já começou em países produtores neste mês, no entanto, traz a perspectiva de uma queda de preços já que ela deve ser maior do que nos últimos anos. A azeitona é o fruto a partir do qual o azeite de oliva é feito. “Essa colheita vai ser maior e isso vai se refletir no preço do azeite”, diz, falando também que não acredita, porém, em uma volta aos patamares anteriores das cotações.
Bassi relata que o aumento nos preços não aconteceu apenas no Brasil, mas no mundo todo, e se deu em outros alimentos também. A alta no azeite decorreu de duas colheitas ruins de azeitonas, nas safras 2022/20023 e 2023/2024, em função de seca nas nações produtoras. “Se você tem pouco fruto, tem pouco azeite e isso, obviamente, vai impactar diretamente no preço”, afirma.
A presidente da Oliva, no entanto, alerta o consumidor para a procura por produtos muito baratos. “Cuidado na hora da compra, não acredite em preços muito baratos, milagre não existe. Opte pelas marcas que você já conhece a procedência, já está acostumado”, diz Bassi, chamando a atenção para as fraudes.
Rita Bassi afirma que os brasileiros compram azeite o ano todo, mas que o produto ainda tem um consumo bastante sazonal no País. O grande volume de aquisições ocorre principalmente na Páscoa, que se dá nos primeiros meses do ano, e no Natal, no final do ano, em função dos pratos que a população costuma preparar para essas celebrações, entre eles o bacalhau, na Páscoa, e o peru natalino.
Dados do Conselho Oleícola Internacional (COI) fornecidos por Bassi mostram que as importações de azeites do Brasil diminuíram 12,2% no período de outubro de 2023 a julho de 2024 em relação aos mesmos meses da campanha anterior, de 2022/2023. Elas estavam em 77 mil toneladas e recuaram para 67,7 mil toneladas. O volume da campanha passada já significava uma diminuição sobre o período anterior, quando as importações nacionais de azeite estavam em 83 mil toneladas.
Azeite da Tunísia
Questionada se o momento de preços maiores favoreceu a entrada de novos fornecedores de azeites no Brasil, Bassi lembra do crescimento da Tunísia no setor, apesar de que o país ainda não vende volumes muito grandes para o mercado brasileiro. Ela acredita que o aumento da presença do azeite tunisiano no mundo não tem relação com o cenário atual das cotações, mas sim com uma expansão natural.
“A Tunísia vem se destacando mundialmente e vai ter uma boa campanha”, diz. Ela relata que o país vendia muito azeite a granel, mas vem oferecendo mais o produto pronto. Ela cita uma marca tunisiana que tem grande operação nos Estados Unidos e entrou na Espanha. “É muito difícil ter entrantes num mercado totalmente consolidado, quem dirá na Espanha que é um dos maiores produtores de azeite do mundo”, diz.
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