Abu Dhabi – A Sial Middle East, feira do setor de alimentos que terminou nesta quarta-feira (12) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, não foi uma feira apenas de contatos para as empresas brasileiras expositoras. Entre as que encerraram a participação com negócios fechados estão o grupo BrazilBarn, a Florestal Alimentos e a trading ALM Brazil. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que organizou o espaço brasileiro, divulgará o valor dos negócios efetivamente feitos nos próximos dias. No ano passado, a mostra rendeu US$ 20 milhões aos brasileiros, segundo o Mapa.
A Florestal conseguiu US$ 100 mil em vendas, de acordo com informações da gerente de exportações, Angélica Niero (foto acima). A empresa produz balas, pirulitos e chicletes em Lajeado, no Rio Grande do Sul, e exporta para mais de 50 países, entre eles os árabes Iêmen e Emirados. Foi a primeira vez da companhia na Sial Middle East. “Foi interessante porque fiz novos contatos, inclusive com um grupo grande de supermercados da região do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC)”, disse Angélica à ANBA.
A Florestal teve na feira também a oportunidade de retomar contatos com importadores para os quais já chegou a vender e travou conversas com novos possíveis compradores. A indústria é a maior fabricante de pirulitos planos da América Latina. O carro chefe na comercialização são pirulitos de tatuagem. Há um desenho feito sobre eles, o consumidor lambe o pirulito e então o pressiona sobre a pele para que a figura seja reproduzida ali. A gerente de exportações conta que o produto faz muito sucesso, inclusive nos países árabes.
O grupo mineiro BrazilBarn fez negócios de US$ 91 mil na feira e tem perspectiva de fechar mais US$ 330 mil no período de um ano a partir dos contatos na Sial Middle East, de acordo com Gabriel Peixoto, da área comercial. O grupo tem três empresas: a Gola Foods, de frutas liofilizadas, “nuts” e açaí em pó, a Phyto Planet, que vende produtos a granel, e a trading B2Food, que comercializa no exterior os produtos prontos da empresa e de terceiros.
O grupo exporta para mais 70 países e já vendeu para mercados árabes como Egito, Emirados, Arábia Saudita, Argélia, Líbano e Síria. Peixoto conta que na feira foram encontrados principalmente importadores que já são clientes, de regiões como Índia, Irã e Espanha, e que os negócios foram fechados com eles. Também foram feitos novos contatos, segundo Peixoto. “Apesar de que é uma feira nova, foi importante vir, aqui é um lugar muito fácil para todos os importadores da região chegarem”, disse ele.
A Cooperativa Agrícola de Petrolina (Cooopa) não fechou negócios na feira, mas o seu gerente executivo, Junior Silveira, estava bem feliz com os resultados obtidos e saiu da mostra com perspectivas positivas de passar a vender para a região. Ele disse que os visitantes do estande ficaram muito surpresos ao experimentarem a uva de mesa BRS Vitoria da cooperativa. É uma variedade desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), genuinamente brasileira, uma uva preta, sem sementes, de gosto exótico. A Coopa tem 24 cooperados que produzem uvas de mesa vendidas para mais de 20 países e no Brasil. A expectativa de fechar negócios depois é grande”, afirmou o executivo.
De Bebedouro, interior paulista, a Apis Vida levou para Abu Dhabi o própolis e seus produtos, além do mel. A empresa, que exporta para a China, Japão e Estados Unidos, tem um showroom em Dubai e já fez negócios com o emirado. O gerente de exportações, Ricardo Villela Scariot, afirma que ainda vai mensurar os resultados da feira com os contatos feitos. Segundo ele, a feira aparentemente é boa, apesar de não ter grande volume de visitantes. A Apis Vida teve interessados principalmente no seu mel em sachê.
A Amazon Brazil Group participou da Sial Middle East por meio da Luma Foods, empresa que tem sede em Dubai e comercializa seus produtos na região. A indústria produz “nuts” e vende no Oriente Médio para Arábia Saudita, Emirados e Catar. Ivan Moraes, proprietário da Luma Foods, conta que os produtos da Amazon Brazil Group vão para empacotadores locais e para comerciantes que os vendem a granel nos mercados públicos. Daí eles vão, inclusive, para outros países. Segundo Moraes, a empresa participou da feira pela exposição da marca e a oportunidade de estar no estande do Mapa. Foram feitos contatos com compradores que já são clientes e com alguns novos.
O coordenador geral de Investimentos Estrangeiros e Cooperação do Mapa, Rodrigo da Matta, que liderou a participação brasileira na Sial Middle East, afirma que a feira teve ótimos resultados, segundo retorno recebido por ele das empresas. Rodrigo ressalta que alguns expositores conseguiram vender já na feira e outros acreditam que fecharão negócios no segundo semestre do ano que vem a partir dos contatos feitos. “A gente sabe que resultado de feira não é imediato”, declarou ele. Segundo o coordenador, a Sial Middle East não tem um movimento muito grande de público, mas tem um público de grande qualidade. “É gente querendo fazer negócios mesmo.”
A executiva de Negócios Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Fernanda Baltazar, também percebeu o público de qualidade que visitou a Sial Middle East e avalia positivamente como as empresas nacionais se apresentaram, com produtos tipicamente brasileiros e diversificados, o que chamou a atenção dos visitantes. “Elas estão trabalhando a imagem do Brasil e mostrando qual é o diferencial do País”, disse Fernanda. Segundo a executiva, participando deste tipo de iniciativa, a Câmara Árabe tem a oportunidade de entender melhor as demandas das empresas brasileiras e potencializar a presença delas nos países árabes – e também levar as demandas dos árabes ao Brasil.
O Mapa organizou a participação brasileira com apoio do Ministério das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Câmara Árabe. O espaço brasileiro foi inaugurado pelo vice-primeiro-ministro dos Emirados, Mansour Bin Zayed Al Nahyan, ao lado do embaixador do Brasil em Abu Dhabi, Fernando Luís Lemos Igreja. Além de Rodrigo da Matta, o Mapa esteve representado pelo especialista em políticas públicas e gestão governamental da pasta, Pedro Viana.