São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira organizou em sua sede, em São Paulo, dezenas de reuniões entre empresários do Catar e do Brasil durante a tarde desta terça-feira (26). Missão organizada pelo Qatar Development Bank (QDB) veio ao País totalmente aberta a negócios e sairá daqui com a sensação de que um importante passo foi dado para ampliar as relações comerciais entre os dois países.
Para muitos, o principal objetivo era conhecer e estabelecer contatos com um mercado ainda inexplorado. “Foi o primeiro passo que demos”, disse Abdul Rahman Ariss, gerente de marketing da Qatar International Cables Company (QICC), fabricante de cabos de energia, que visitou pela primeira vez o Brasil.
Ariss buscava contatos com construtoras, empresas do setor de óleo e gás, e fornecedores de eletricidade. Ao fim da tarde, se reuniu com a AES Eletropaulo, companhia responsável por fornecer energia à capital paulista e região metropolitana. A QICC faz parte do grupo francês Nexans e, a partir do Catar, exporta para a região do Golfo, Turquia e países europeus.
“É muito importante ter o primeiro contato cara a cara”, ponderou Walid Osman, gerente de vendas e marketing da Qatar Pharma, que deseja exportar, principalmente, produtos para soluções intravenosas. “Mas também busco comprar produtos brasileiros, especialmente antibióticos”, contou.
Embora não tenha fechado nenhum contrato, o executivo contou que teve conversas interessantes que poderão render bons negócios no futuro. “Espero agora que empresários brasileiros também visitem Doha”, disse Osman.
Outra importante missão concluída pelos empresários foi a de divulgar mais o Catar para empresários brasileiros. “Muitos sequer sabem que existem indústrias no Catar”, comentou Tamer Omer, gerente geral da Al-Hodaifi Cable Compounding, de Doha. Nascido no Egito, o empresário que vive há dois anos no país do Golfo estava disposto a conversar sobre qualquer possibilidade de negócio, seja importação ou exportação.
A Al-Hodaifi vende matérias-primas para cabos com XLPE, sigla para "composto extrudado termofixo de polietileno reticulado". Segundo Omer, a empresa exporta para a região do Golfo e alguns países africanos, mas o atual cenário político local fez com que voltasse os olhos para outros mercados. “Nossa intenção é trabalhar com um representante aqui. Acredito ser a forma ideal de começar a atuar em um novo mercado”, explicou. Para ele, o Brasil pode ser também um importante canal para alcançar outros países da América Latina.
Relações fortalecidas
Não só de primeiros contatos foram feitas as reuniões na sede da Câmara Árabe. Ashraf Hassan, CEO da Al Tahaluf Food Stuff & Trading, veio representando a Agrico e a Qatar Meat Production em busca de fornecedores de carnes e frangos. A empresa tem uma processadora de proteína animal no Catar e deseja comprar cada vez mais produtos brasileiros.
“As carnes de boi e de frango brasileiras são muito conhecidas na região do Golfo e têm excelente qualidade”, disse Hassan, que calcula comprar 4 mil toneladas dos dois tipos de carne por ano no Brasil. Elas são insumo para os hambúrgueres, nuggets, almôndegas, mortadela e outros produtos processados pela Qatar Meat. “Nossa intenção é ampliar as compras, pois estamos aumentando a nossa capacidade de produção”, contou.
Do lado brasileiro também houve conversas bem proveitosas. Roberto Giannini, diretor de desenvolvimento de negócios da Alphatec, destacou suas reuniões com as empresas Catar Aluminium, do setor de alumínio, e Delta, do ramo de óleo e gás. “Vamos fazer estudos conjuntos e há possibilidade concreta de sair algum negócio”, afirmou o executivo, que elogiou o nível das apresentações e a organização da rodada de negócios pela Câmara Árabe.
Os executivos da Delta vieram do Catar empenhados em estreitar relações com a Petrobras, segundo seu CEO Wesam Swelem, que, no entanto, gostou das conversas que teve com representantes do setor privado. “Foi bom para entender como funciona o mercado brasileiro”, contou o executivo, cuja empresa, no passado, chegou a fazer negócios com a Colômbia.
Giannini, da Alphatec, ressaltou também a conversa que teve com o embaixador do Catar em Brasília, Mohammed Alhayki, e executivos do QDB durante as apresentações que ocorreram pela manhã. “Nossa empresa atua no setor de petróleo e energia e há muitos projetos de energia renovável não convencional no Catar. Há boas possibilidades”, comentou o executivo.