São Paulo – A delegação brasileira do setor de frutas que se encontra em missão comercial aos Emirados Árabes Unidos nesta semana está percebendo a expressiva demanda que há no país pelo produto. “Embora o mercado seja bastante segmentado, de acordo com o nível de renda socioeconômica da população, parece que todos gostam das frutas tropicais que o Brasil produz”, disse para a ANBA o gerente de projetos da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Jorge de Souza, que está nos Emirados.
As atividades da missão começaram na segunda-feira (22) e seguem até o sábado (27). A Abrafrutas promove a iniciativa com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), como parte do projeto de internacionalização do segmento, o Frutas do Brasil, e com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Depois de dois dias de atividades, Souza afirma que há mercado. “Tem demanda”, diz. Na foto de abertura, visita da delegação a mercado local.
A viagem tem por objetivo buscar novos mercados para as frutas brasileiras no exterior e diminuir a dependência das exportações para locais como União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos. “Esses três destinos representam mais de 75% das nossas exportações, então desenvolver novos mercados é fundamental para o setor porque essa concentração oferece um grande risco mercadológico”, afirma Jorge de Souza.
O Oriente Médio foi escolhido por ter um clima favorável ao consumo das frutas e por ter baixa participação na exportação brasileira, cerca de 2%. “O objetivo é nos aproximarmos dos importadores, entendermos melhor as relações competitivas, quem são os nossos principais concorrentes, buscar soluções logísticas que diminuam custos, e, acima de tudo, entender o que o cliente do mundo árabe quer em termos de qualidade, tamanho de fruta, sabor, que variedades ele prefere”, diz o gerente.
As atividades da missão foram abertas com um encontro no escritório da Câmara Árabe em Dubai, no qual os brasileiros puderam ter contato com compradores de redes de supermercados, empresas de processamento e reexportação de frutas, companhias aéreas que fazem o transporte do produto e outros players, como a Tradeling, empresa de comércio digital B2B, e o escritório de advocacia Baker McKenzie, ambos dos Emirados. Os brasileiros ouviram uma explanação sobre os mercados árabe, do Golfo e Emirados, a certificação halal, entre outros temas.
O diretor do escritório da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, disse que os compradores árabes elogiaram as frutas brasileiras, principalmente por suas cores, sabores e competitividade, mas disseram que logística dificulta um pouco as importações. Segundo Solimeo, esse tema já vem sendo trabalhado e será aprofundado para facilitar a exportação das frutas brasileiras ao Oriente Médio e especificamente, aos Emirados Árabes Unidos.
Atividades nos Emirados
Representantes de dez empresas brasileiras de frutas participam da viagem. O grupo também já visitou o pavilhão do Brasil e de países árabes na Expo 2020 Dubai, como dos Emirados, Bahrein, Marrocos, Egito e Arábia Saudita, para entender melhor a cultura e o funcionamento de cada país e estabelecer relacionamentos. A Expo é uma exposição universal que ocorre por seis meses nos Emirados. Houve visita ao mercado de produtos frescos local de Dubai e à Zona Franca do Aeroporto de Dubai (Dafza). Boa parte das frutas são exportadas mundo afora por via aérea.
“As visitas técnicas estão ótimas”, afirmou Souza, destacando que os temas tratados nelas são extremamente relevantes para que as empresas possam fazer um bom diagnóstico da região e entender que ações devem implementar para vender mais a esse mercado. Nesta quarta-feira (24), o grupo foi para o emirado de Abu Dhabi, onde conheceu pontos de venda locais, com o apoio do Setor de Promoção Comercial da Embaixada do Brasil em Abu Dhabi, e foi recebido na Union Coop, cooperativa de supermercados.
O gerente de Projetos da Abrafrutas afirma que o objetivo maior da missão aos Emirados Árabes Unidos não é realizar vendas, mas há possibilidade de que elas sejam feitas. “Os contatos estão acontecendo e é bem possível que até o final da missão, até o próximo sábado, a gente consiga inclusive vender, tirar pedidos aqui em função desses contatos que a Câmara Árabe está nos propiciando”, disse.