São Paulo – A edição deste ano do ranking dos 500 árabes e descendentes mais influentes do mundo, publicada pela revista Arabian Business, tem sete brasileiros. Primeiro deles na lista, o médico cardiologista Adib Jatene é o 9º colocado no geral. A relação traz também o presidente mundial do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn (14º), o piloto de Fórmula Indy Tony Kanaan (189º), o empresário Faisal Hammoud (198º), o escritor Milton Hatoum (373º), o estilista e empresário Amir Slama (418º) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (441º). Amir Slama é descendente de iraquianos e os outros relacionados, de libaneses.
Jatene foi ministro da Saúde e é diretor-geral do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Ele aparece na publicação como um dos descendentes de árabes mais influentes por ter desenvolvido uma técnica cirúrgica que corrige anomalias no coração de recém-nascidos.
"Sempre que recebo uma homenagem, um reconhecimento pelo meu trabalho, me sinto bem, fico feliz. Fiz minha carreira baseado na cirurgia e agradeço o reconhecimento", afirmou o ex-ministro, que em março foi homenageado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Autor de "Cinzas do norte", "Dois irmãos" e "Relato de um certo Oriente", entre outros, o escritor Milton Hatoum acredita que seu nome aparece na lista porque seus romances foram traduzidos para diversos idiomas e porque tem concedido entrevistas para a imprensa árabe. A edição libanesa de "Dois irmãos", traduzida por Safra Jubran, ganhou até um posfácio do autor.
Hatoum diz, contudo, quer ter seu nome na relação não muda seu trabalho. "Não me considero influente e meu nome nessa lista não altera meu trabalho de escritor. Hoje, a única coisa que me faz feliz é brincar e bater bola com meus dois filhos, viver com uma pessoa maravilhosa, ter grandes amigos e bons leitores, e ler livros que me surpreendem e me dão prazer", afirma.
A publicação afirma que "dentro ou fora do Oriente Médio", Carlos Ghosn merece pouca introdução – pois todos sabem quem é. Ele assumiu a presidência da Renault em 2005, após comandar a montadora japonesa Nissan e fazê-la reverter um prejuízo de US$ 6 bilhões para um lucro de US$ 2,7 bilhões em um ano.
O piloto baiano Tony Kanaan ocupa o 189º lugar na lista porque é considerado um dos melhores pilotos, por ter sido campeão da Fórmula Indy em 2004 e por ser o primeiro piloto a completar todas as voltas de uma temporada, embora nunca tenha vencido as 500 milhas de Indianópolis. O 198º da lista é o empresário Faisal Hammoud. Fundador da importadora Monalisa, Hammoud se divide entre o Brasil e o Paraguai. É um dos incentivadores do Mercosul.
Outro brasileiro que se destaca é o estilista Amir Slama, criador da Rosa Chá, que hoje pertence à Marisol. O último colocado da lista – entre os brasileiros – é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ex-vereador, ex-deputado estadual e ex-deputado federal, Kassab foi eleito vice-prefeito na chapa de José Serra (PSDB), em 2004, e assumiu a Prefeitura de São Paulo em 2006, quando Serra renunciou para concorrer ao governo do estado. Em 2008, Kassab foi reeleito pelo DEM, partido que abandonou para criar o PSD.
O primeiro colocado na relação da Arabian Business é o príncipe saudita Alwaleed Bin Talal Al Saud. Dono de uma fortuna estimada em US$ 19,6 bilhões pela Forbes, Bin Talal lidera a lista desde sua criação, há sete anos. A Arabian Business afirma que, neste ano, ele merece ocupar a primeira posição por sua ação filantrópica, com a fundação que leva seu nome. A Alwaleed Bin Talal Foundation opera em quatro áreas: redução de pobreza, auxílio humanitário, relações entre Oriente e Ocidente e apoio às mulheres.
O segundo colocado na lista publicada pela Arabian Business é o ex-diretor de marketing do Google na região, Wael Ghonin. A ele é atribuída parte da responsabilidade pela onda de manifestações que levou à renúncia do ditador egípcio, Hosni Mubarak, em fevereiro. Ghonin criou um perfil no Facebook chamado "Somos todos Khaled Said", em referência a um jovem empresário agredido e morto pela polícia egípcia. De acordo com a Arabian Business, com o pseudônimo Al Shaheed ("O mártir"), Ghonin convidou seus 350 mil amigos no Facebook para uma manifestação na Praça Tahir, no Cairo, em 25 de janeiro. Ghonin foi preso, mas libertado dias depois.
Em terceiro lugar na lista aparece Mohammed Bin Hammam, de Doha, no Catar. É o presidente da Confederação Asiática de Futebol e um dos arquitetos da campanha que elegeu seu país como sede da Copa do Mundo de 2022. Hammam quer ser o próximo presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) no lugar do suíço Joseph Blatter.
O subeditor da Arabian Business, Edward Atwood, afirmou que o principal critério de avaliação dos editores para formar a relação foi a influência que os escolhidos têm no dia a dia de milhões de pessoas. A Arabian Business é editada em inglês e em árabe e tem como foco o mundo dos negócios nos países do GCC (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã).