São Paulo – Os brasileiros e os portugueses que trabalham na sede da Andrade Gutierrez e da Zagope na Argélia não são muçulmanos, mas também seguem o Ramadã. Essa foi uma das ações que os profissionais estrangeiros que atuam no país árabe resolveram adotar para se adequar à cultura argelina. “É importante se integrar ao país e a forma mais amigável de fazer isso é fazendo o que eles fazem”, explica Ademar Jorge dos Santos, brasileiro que atua como diretor administrativo e financeiro da empresa em Argel.
A Zagope é uma empresa portuguesa que foi comprada pela Andrade Gutierrez e atualmente as duas levam obras adiante no país árabe. A Andrade Gutierrez tem uma base no país desde 2006. Hoje, um total de 52 estrangeiros, brasileiros e portugueses, trabalha para as duas companhias na Argélia, além de 600 argelinos, a maioria nas obras. Alguns deles, porém, 16 pessoas, também ficam no escritório. A iniciativa de seguir o Ramadã foi dos estrangeiros, de Santos e Fernando Andrade Gomes, diretor de mercado.
“Não vou comer sabendo que eles não vão comer”, diz Ademar, explicando ainda que é católico e acredita que Deus é um só. Durante o mês do Ramadã, que este ano vai cair parte em agosto e parte em setembro, os muçulmanos fazem jejum durante o dia e só se alimentam antes do nascer e após o por do sol.
Na sede da empresa, em Argel, existe também uma sala para as orações. Os muçulmanos fazem cinco paradas para rezar durante o dia. Os estrangeiros, nesse caso, não chegam a fazer as rezas, mas os seus colegas são liberados para fazê-lo durante o dia. Nos aniversários dos funcionários, na hora do bolo, homens ficam para um lado e mulheres para o outro, conforme costumes argelinos, explica Ademar.
“Tento e gosto de respeitar os procedimentos locais”, diz o brasileiro. Entre os argelinos que trabalham na Andrade Gutierrez, seis são mulheres. Quatro delas, segundo Ademar, usam o véu para cobrir os cabelos, hábito entre mulheres muçulmanas. Mas o uso do véu, segundo ele, não é levado em conta na hora do recrutamento, e sim a capacidade profissional. Os estrangeiros que trabalham na empresa também procuram se inserir na comunidade local, freqüentando, por exemplo, os casamentos.
Segundo Ademar, o escritório leva adiante, atualmente, sete projetos na Argélia. Algumas obras, conta ele, são executadas pela Andrade Gutierrez individualmente e outras em conjunto com a Zagope. Elas devem assinar, nos próximos dias, contratos para fazer mais duas obras, uma delas dois quilômetros de pista de metrô, e outra uma base aérea militar.

