São Paulo – Dois especialistas brasileiros estão na Argélia apresentando um curso de design de joias a futuros profissionais do setor na cidade de Tamanrasset, a 1.920 quilômetros ao sul da capital, Argel. As aulas são parte do projeto Transferência de Conhecimento para a Produção de Gemas Lapidadas, Joias e Artesanato Mineral, organizado em parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Itamaraty, e pela Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores de Gemas, Joias e Similares, Mercadores e Garimpeiros (Abragem).
O projeto começou a ser discutido em 2007. Desde então, uma parceria para capacitação passou a ser discutida e implantada. Foram realizados seminários, viagens de prospecção e a abertura de uma escola de lapidação e ourivesaria, em 2013. As primeiras aulas foram ministradas no primeiro semestre de 2015. O curso se estenderá até 2017.
Segundo o presidente da Abragem, Harilton Carlos de Vasconcelos Sobrinho, a ideia de explorar as pedras do deserto do Saara surgiu quando os argelinos descobriram que aqueles minerais poderiam ser trabalhados para se tornar joias. Desde então, o governo local passou a procurar países e instituições interessados em cooperar com o desenvolvimento deste novo setor produtivo, justamente como forma de diversificar a economia argelina, ainda hoje muito dependente da exploração de suas reservas de petróleo e de gás.
“A Argélia tem pedras lindíssimas, nós ficamos encantados quando soubemos disso. Muitas pessoas pensam que o deserto do Saara só tem areia, mas não é verdade. Ele é muito rico em pedras”, afirma Vasconcelos. O presidente da Abragem afirmou que um dos motivos que levou os argelinos a buscarem apoio brasileiro foi o fato de que no País se trabalha com pedras “opacas”, que se assemelham àquelas encontradas no território argelino. Lá se destacam o quartzito, serpentinito, mármore e granito. Há, também, esmeraldas, topázios e cristais.
Outro motivo que levou à parceria foi o fato de que o Brasil tem a maior variedade mundial de pedras e exporta aproximadamente um terço das pedras preciosas. O país é referência na produção de gemas e joias.
O projeto com os produtores de Tamanrasset é financiado pela agência ABC. É executado em parceria entre a Abragem e a Câmara de Artesanato e Ofícios de Tamanrasset e tem o apoio da Embaixada do Brasil em Argel, dos ministérios da Indústria e das Minas e do Turismo e Artesanato.
O primeiro curso, de gemologia (estudo das joias) e lapidação foi realizado entre março e maio do ano passado. A segunda etapa, com aulas de ourivesaria e fundição, foi apresentada entre setembro e dezembro. A terceira etapa, que começou neste mês e se estenderá até maio, terá aulas de design de joias.
Na quarta fase, entre setembro e dezembro deste ano, os alunos apresentarão artesanato mineral. A última etapa, em março de 2017, será a de cooperativismo, na qual os alunos irão repassar o conhecimento para outros estudantes. Cada estágio tem alunos diferentes e delas participam, em média, 20 aprendizes.
“Nosso objetivo é mostrar ao mundo as joias do Saara em aproximadamente dois anos, a partir do fim do curso. A partir de então deveremos participar de feiras e eventos”, disse Vasconcelos. A Argélia não deverá ser o único país a receber a capacitação. Segundo Vasconcelos, outros países já mostraram interesse em obter o treinamento. Entre eles, o Senegal.


