São Paulo – O problema da falta de energia na Escola Pública Choueifat, da cidade de Choueifat, na Grande Beirute, no Líbano, foi sanado a partir de uma doação de brasileiros. A escola inaugurou neste mês um sistema de geração de energia solar adquirido com recursos reunidos em sua maioria por distritos do Rotary Club do Brasil, em um projeto viabilizado pelo Rotary Club do Líbano. O Rotary é uma rede de líderes comunitários presente em vários países, inclusive no Líbano e no Brasil.
A escola de Choueifat, que já foi beneficiada, tem 412 estudantes. Ainda outras duas instituições educativas libanesas receberão o sistema a partir da doação. Uma delas será a Escola Pública Secundária Husseini Massoud, de Bchamoun, na província do Monte Líbano, onde estudam 400 pessoas. A inauguração será em 01 de junho. Também o Instituto Técnico Público René Moawad, com 215 alunos, que fica em Zgharta, no Norte do Líbano, terá a inauguração do sistema em breve.
As informações foram fornecidas para a reportagem da ANBA pela presidente do Rotary Club Beirut Liberty, a libanesa Latife Nakadi, uma das lideranças da iniciativa. Ela esteve no Brasil em 2022 visitando várias unidades do Rotary para pedir o apoio. No final daquele ano foi realizada uma reunião híbrida entre libaneses e brasileiros, com a parte presencial na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, com o intuito de viabilizar o projeto chamado “Luz para o Futuro”.
Energia para construir o futuro
A crise elétrica no país árabe começou no final da Guerra Civil Libanesa. Latife relata que após a revolução, em 2019, a economia piorou e passou a não haver mais eletricidade em todo o Líbano. Os recursos para a compra dos geradores e do diesel para abastecê-los sempre foram um problema, tanto para os moradores como para as escolas, que passaram a ficar às escuras no inverno e com os alunos privados do uso de computadores e equipamentos.
“A doação de sistemas de energia solar a três escolas no Líbano, país que luta por um fornecimento consistente de eletricidade, é profundamente significativa”, disse Latife. Segundo ela, a doação do sistema de energia solar para as escolas ajuda a melhorar os resultados educativos, apoia o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental e estabelece mudança positiva no longo prazo para o Líbano. “Para os jovens significa melhores condições de aprendizagem, maiores oportunidades de crescimento pessoal e profissional e um futuro mais brilhante e sustentável.”
Rotary Club e Câmara Árabe
Em entrevista à ANBA, Latife destacou a participação na iniciativa do presidente da Fundação de Rotarianos de São Paulo e conselheiro do presidente do Rotary Club São Paulo, o brasileiro Nahid Chicani, que é também diretor tesoureiro da Câmara Árabe, quem, segundo a libanesa, adotou o projeto e pediu apoio a vários distritos do Rotary no Brasil, assim como o curador da Fundação Rotária, o também brasileiro Marcelo Haick. Três distritos dos estados de São Paulo e Paraná conseguiram as doações de US$ 31 mil, que somadas à contrapartida da matriz rotariana dos Estados Unidos e ao complemento do Rotary do Líbano, chegaram a US$ 64 mil.
Chicani esteve quatro vezes no Líbano nos últimos anos integrando missões de rotarianos. “Eles nos procuraram há um ano e meio mais ou menos mostrando a situação calamitosa da energia elétrica nas escolas do Líbano, só tinham uma hora de luz por dia, eventualmente duas horas, o que é péssimo para a educação”, disse Chicani sobre o pedido dos rotarianos libaneses. Chicani foi presidente do Rotary Club de São Paulo e governador do Distrito 4563.
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Com a ajuda da Câmara de Comércio Árabe Brasileira foram engajadas à causa diplomatas e várias autoridades brasileiras ligadas à comunidade libanesa, entre elas o ex-presidente do Brasil, Michel Temer, que participou do encontro híbrido que tratou do assunto com lideranças rotarianas do Líbano, entre elas Mona Rasamny, Jamil Mouawad, George Azar e Ahmad Husseini. “É algo maravilhoso, dá uma satisfação incalculável para a gente porque estamos ajudando centenas de crianças a terem educação de qualidade”, afirmou Chicani à ANBA sobre a participação no projeto.