São Paulo – As vendas da processadora de carne de frango BRF no Oriente Médio cresceram em 2014 e ajudaram a empresa a obter um lucro líquido total de R$ 2,2 bilhões, ganho 109,4% maior do que o obtido um ano antes. De acordo com balanço divulgado na noite de quinta-feira (26), as vendas na região somaram 909 mil toneladas, um aumento de 4,5% sobre 2013. A receita obtida com estas vendas chegou a R$ 4,8 bilhões, valor 11,6% maior do que em 2013. A companhia é dona das marcas Sadia e Perdigão.
Apenas no quarto trimestre, a receita no Oriente Médio somou R$ 1,3 bilhão, com alta de 27,5% sobre o mesmo período de 2013. A empresa atribuiu o desempenho ao aumento da sua participação em mercados como Arábia Saudita, Kuwait e Iêmen. Além desse motivo, o CEO global da companhia, Pedro Faria, afirmou nesta sexta-feira (27) que a empresa investiu em projetos nos países árabes no ano passado, o que levou a um crescimento da sua presença na região.
“Tivemos um ano importante com a aquisição de três dos nossos distribuidores no Oriente Médio. Adquirimos 100% dos direitos econômicos da Federal Foods nos Emirados Árabes, 40% de nossa distribuidora em Omã e também 75% da nossa distribuidora no Kuwait. Tudo isso agregado à inauguração da maior fábrica de processados no Oriente Médio, o que leva a um fortalecimento significativo de nossa empresa no mercado”, disse.
A fábrica da empresa fica na Zona Industrial de Kizad, em Abu Dhabi. Foi inaugurada em novembro do ano passado e poderá produzir até 70 mil toneladas por ano de processados de carne.
No ano passado, a receita operacional líquida internacional (que é gerada pela atividade principal da empresa) cresceu 1,5% em comparação com 2013 e atingiu R$ 13,3 bilhões. Foi gerada em razão da redução de volumes e aumento dos preços médios dos produtos. Em 2014, as vendas para o Oriente Médio corresponderam a 35,2% da geração de receita operacional. Um ano antes, correspondera a 32,1%. No quarto trimestre do ano, o Oriente Médio gerou 35,3% da receita. Entre outubro e dezembro de2013, correspondera a 29,1% do total.
Professor de Economia Agrícola da Universidade Federal do Paraná, Eugenio Stefanelo afirmou à ANBA que o resultado obtido pela BRF com sua atuação internacional é consequência não apenas do desempenho de um ano, mas de uma política de longo prazo desenvolvida pela empresa antes mesmo da fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na criação da BRF.
“A Sadia fez o que a maioria das empresas deveria fazer. Ela desenvolveu uma marca muito forte, que era símbolo de qualidade aqui e nos outros países. Diversificou sua produção e a sua atuação para mais de 150 países (atualmente exporta para mais de 120 destinos). Abriu mercados muito importantes, como o do Oriente Médio, e se adaptou à demanda de cada um deles tanto na apresentação de seus produtos como ao atender as normas exigidas. A BRF manteve essa política e isso, de certa forma, se reflete no resultado”, afirmou Stefanelo.
Ele observou que em 2014 tanto BRF quanto outros produtores se beneficiaram de fatores como câmbio elevado e embargos promovidos pelos Estados Unidos e Europa contra a Rússia e vice-versa. Além disso, Stefanelo afirmou que o Brasil não foi prejudicado por crises sanitárias que atingiram produtores da Europa e dos Estados Unidos. “Todos os importadores são muito exigentes com os fatores sanitários”, disse.
Ainda de acordo com o balanço da BRF, a receita operacional líquida da empresa gerada com o mercado brasileiro em 2014 chegou a R$ 13,9 bilhões, valor 6,8% superior ao de 2013. Esse é um dos dados que indicam aos investidores a eficiência de uma empresa e sua capacidade de gerar resultados sem a influência de fatores externos à sua operação. Às 16h14 desta sexta-feira, as ações da BRF listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BRF) eram cotadas a R$ 64,47, com queda de 3,78%.


