São Paulo – Dona das marcas Sadia e Perdigão, a companhia brasileira de alimentos BRF planeja intensificar sua presença no mercado saudita. A assessoria de imprensa da empresa confirmou nesta quinta-feira (10) que a BRF está estudando uma forma de ter produção local na Arábia Saudita. O negócio pode ser concretizado, por exemplo, via parcerias locais ou com uma fábrica própria no país.
A empresa brasileira está trabalhando para reverter restrição dos sauditas a produtos processados em sua fábrica de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O mercado saudita é abastecido em parte pela fábrica dos Emirados.
Em comunicado, a BRF informou que “a planta de Abu Dhabi passa por auditoria para atestar o valor agregado na produção local, segundo as regras do GCC. A empresa tem estoque suficiente na região e direciona sua produção a outros mercados do Golfo até que o fluxo comercial seja totalmente restabelecido”. GCC é a sigla para Conselho de Cooperação do Golfo, bloco que reúne Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados, Kuwait e Omã.
O mercado halal da BRF foi de 298 mil toneladas de frango no segundo trimestre de 2019. Do total, 40 mil toneladas são de produtos processados, como nuggets (foto), sendo 10 mil toneladas destinadas ao mercado saudita. Segundo a assessoria da BRF, a restrição à fábrica de Abu Dhabi é uma questão temporária e corresponde a uma parcela pequena de tudo que a empresa exporta em produtos halal, ou seja, próprios para o consumo de muçulmanos. A empresa afirma ainda que possui estoques dentro da própria Arábia Saudita.
Em janeiro deste ano, a Arábia Saudita anunciou a suspensão das importações de carne de frango de cinco frigoríficos brasileiros. O serviço sanitário da Arábia Saudita, Saudi Food and Drug Authority, avaliou à época que as empresas não atendiam completamente os critérios técnicos para a venda do produto ao país. No setor, as especulações são de que a suspensão também está ligada ao fato de que a Arábia Saudita está desenvolvendo – e protegendo – sua indústria local.
Em coletiva para divulgar o balanço do primeiro trimestre de 2019, os executivos da BRF abordaram o assunto. “A gente realmente está pensando nessa situação mundial para avançar na Arábia Saudita. Já há notícias [circulando] que a gente está pensando em investimentos. Mas, sem dúvida, porque a produção local realmente já está no nível de 60%. A gente também quer participar do segmento de 60%. Hoje, a gente já teve uma experiência muito positiva na Turquia”, afirmou na ocasião o diretor vice-presidente da empresa para o Mercado Internacional, Patricio Rohner, se referindo à experiência da companhia com fábricas em outros países, como na Turquia.
Na mesma época, Rohner disse que dois frigoríficos da BRF foram suspensos, mas em compensação a companhia conseguiu habilitar outros três ou quatro.