São Paulo – O banco de investimentos brasileiro BTG Pactual montou escritório em Riad, capital da Arábia Saudita. O maior banco de investimentos da América Latina é o único brasileiro com presença no maior país árabe do Golfo e atende os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), que são Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Omã, Kuwait e Bahrein.
O sócio do BTG Pactual e head do BTG Middle East, Mario Cavalieri, contou sobre as atividades do banco na região durante seminário na Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta terça-feira (28). “Montamos o escritório em Riad para levantar capital da Arábia [Saudita] e demais países do GCC para investimentos na América Latina, e atrair investimentos latino-americanos para o Oriente Médio”, disse Cavalieri.
Além disso, o banco faz fusões e aquisições na região. Os setores de maior interesse de empresas árabes que querem comprar empresas no Brasil e na América Latina são o de proteína animal, infraestrutura, aviação e hospitalidade, informou Cavalieri. Do outro lado, os árabes têm grande operação no setor de energia, tanto em petróleo e gás quanto em energias renováveis.
“Estou lá [em Riad] a cada dois meses e quem quiser explorar essa corrente de comércio vai se dar muito bem. Temos sido pioneiros e hoje somos a principal ponte de negócios entre a Arábia Saudita e o Brasil, isso dito pelo governo saudita”, declarou o executivo.
A ideia do BTG ter presença no Oriente Médio nasceu há cerca de seis anos, quando representantes fizeram suas primeiras incursões no mundo árabe e identificaram que a Arábia Saudita estava se abrindo.
“Na época, o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, assumiu a cadeira de governante e começou a abrir o país para comércio e atração de investimento. Naquele momento vimos que o Brasil olhava o Oriente Médio apenas pela ótica de Dubai e basicamente ninguém do mundo financeiro tinha relação com a Arábia Saudita e outros países”, disse.
Eles então participaram do “Davos no deserto” ou” Iniciativa para Investimentos Futuros”, uma conferência realizada na Arábia Saudita. “Nosso chairman foi convidado a ser um dos palestrantes desse evento e identificamos oportunidades”, disse.
Os seis países do GCC juntos somam cerca de 60 milhões de pessoas com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2 trilhões. “É um PIB per capita gigantesco, muito disso baseado em petróleo e gás”, afirma. Ele contou que boa parte da renda dessa produção sempre foi investida fora do país. “Não conseguiam reinvestir o capital nas próprias divisas. Historicamente, os Estados Unidos e a Europa foram os principais destinos deste capital, e agora, eles estão cada vez mais ricos e buscando novas fronteiras. O Brasil se tornou uma dessas novas fronteiras”, declarou.
Cavalieri informou que conseguiu atrair recursos de alguns dos fundos soberanos da região e dos principais fundos de pensão. “Eles já estão investindo conosco no Brasil por meio do BTG, e eles têm uma característica diferente, é uma região muito concentrada. Em 20 nomes de investidores você administra US$ 4 trilhões. Isso você não vê nem nos Estados Unidos, é um excesso de capital tão concentrado que não se vê em nenhum outro lugar do mundo, buscando novas fronteiras em um momento muito favorável”, disse.
O BTG se beneficia do fato de ser o único banco brasileiro com escritório em Riad. “Estamos bem posicionados, somos o único banco brasileiro lá e vemos com muito bons olhos essa incursão que o BTG está fazendo. Estamos explorando meio que sozinhos ainda essa região, mas também temos tido muito apoio do governo saudita e governos da região, do Catar, Emirados, Omã, Bahrein, todos querendo atrair cada vez mais não só investimentos da América Latina mas também atenção para o comércio”, declarou.
O fluxo de comércio entre Brasil e Arábia Saudita vem aumentando, assim como o interesse dos sauditas em investir no Brasil. “Devemos receber esse ano uma comitiva grande da Arábia Saudita, de empresários com o ministro de Investimentos do país, um time relevante para explorar negócios com o Brasil, e o ceu é o limite“, disse Cavalieri.
Para o executivo, o movimento que a Arábia Saudita está fazendo hoje é o que Dubai e os Emirados Árabes fizeram há 20 anos. “E Dubai se tornou o maior destino turístico do mundo no ano passado. Agora a Arábia Saudita, que é um país mais rico, maior e mais poderoso geopoliticamente, quer fazer o mesmo e tem toda condição de fazer”, finalizou.
A palestra contou também com a presença do cohead do BTG Pactual Advisors e sócio do BTG Pactual, Guilherme Pini, e do economista do BTG Pactual, Álvaro Frasson. Eles falaram sobre o cenário macroeconômico do Brasil para investimentos. Os executivos detalharam os desafios econômicos que o Brasil enfrenta atualmente, tais como os juros elevados, e as influências que o País sofre do cenário externo. Os executivos deram destaque especial para a questão do arcabouço fiscal, a proposta que o governo está elaborando para substituir o teto de gastos, sobre o qual há grande expectativa do mercado financeiro. O BTG Pactual prevê crescimento de 1,1% para o Brasil em 2023.
A abertura do evento foi feita pelo vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Mohamad Mourad. O diretor de Novos Negócios, Guilherme Fedozzi, apresentou os serviços oferecidos pela instituição para aproximar empresas brasileiras e árabes e proporcionar a realização de negócios.