Alexandre Rocha
São Paulo – Das cincos maiores exportadoras do Brasil em 2003, a Bunge Alimentos foi a que apresentou o crescimento nas vendas externas mais expressivo. A empresa, que ficou em quarto lugar no ranking da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), faturou US$ 1,939 bilhão no mercado internacional (dados da Secex), 39,48% a mais do que em 2002, quando os embarques geraram receitas de US$ 1,39 bilhão.
A empresa, no entanto, divulgou valores ainda maiores do que os fornecidos pela Secex. De acordo com o diretor de comunicação da companhia, Adalgiso Telles, as receitas de exportação da Bunge Alimentos somaram R$ 6,9 bilhões em 2003 (US$ 2,37 bilhões).
A Bunge é uma companhia exportadora de commodities agrícolas e seus resultados, logicamente, foram influenciados pelo excelente desempenho do setor no ano passado.
“A frustração da safra norte-americana foi decisiva. Até o meio do ano nós achávamos que os preços seriam menores, mas com o problema nos Estados Unidos as commodities valorizaram na Bolsa de Chicago e os preços bateram recordes no final do ano. Essa foi a principal razão para o aumento das receitas”, disse Telles.
Somou-se a isso a safra recorde no Brasil de 123,2 milhões de toneladas de grãos, sendo 51,5 milhões de toneladas de soja. Com isso o país passou à condição de maior exportador mundial de soja em grãos.
Contribuiu também o aumento da competitividade dos produtos brasileiros. “O produtor brasileiro torna-se cada vez mais profissional, utiliza técnicas, fertilizantes, insumos e equipamentos mais avançados. Isso resultou na melhoria da qualidade, da produtividade e no aumento da safra, além da redução de custos”, afirmou Telles.
2004
Inicialmente a previsão para a produção brasileira de grãos em 2004 era de 132,2 milhões de toneladas. No entanto, as estimativas estão sendo revistas, já que ocorreu uma quebra na safra de soja por causa de problemas climáticos e da ocorrência da ferrugem da soja nas regiões produtoras da leguminosa. Com isso, a previsão da colheita da commodity caiu de 60 milhões de toneladas para 55 milhões.
Telles, porém, garante que as expectativas da empresa para este ano são boas, tanto em termos de safra, quanto no que diz respeito à competitividade. “Apesar da safra dos Estados Unidos mostrar uma volta à normalidade, o Brasil já conquistou a liderança em alguns mercados, especialmente na Ásia, e deve continuar liderando”, declarou.
A principal preocupação da companhia, e dos produtores em geral, é com o escoamento da produção. De acordo com o executivo, a capacidade dos portos brasileiros já está no limite. “Não digo que vai ocorrer um colapso, mas isso vai onerar o preço do frete e dos produtos”, declarou. Apesar disso, ele acredita que o volume de exportações da empresa vai crescer entre 20 e 25% este ano.
Mercados
A Bunge exporta basicamente os produtos do complexo soja (grãos, farelo e óleo), açúcar e milho. De acordo com o executivo, os embarques somaram no ano passado 14,8 milhões de toneladas, contra 11,6 milhões em 2002.
Aí aparece claramente o efeito da valorização dos produtos. Se o aumento nas receitas de exportação foi de 39,48%, o crescimento das quantidades embarcadas foi menor, de 27,6%.
Os principais destinos das exportações da Bunge Alimentos são a Europa (Alemanha, Espanha, França e Inglaterra) e a Ásia. Por enquanto o continente europeu absorve cerca de 50% das exportações da companhia e a Ásia vem em segundo lugar. No entanto, Telles acredita que em dois anos as compras asiáticas vão superar as européias. “A Ásia cresce muito, nos últimos dois anos houve um crescimento de 20% ao ano nas importações de grãos”, ressaltou.
Os grandes responsáveis por tal crescimento, como ocorre em quase todos as histórias de comércio exterior, são os gigantes China e Índia.
Perfil
A Bunge é uma multinacional, uma das duas entre as cinco maiores exportadoras do Brasil (a outra é a Volkswagen ), foi fundada em 1818 em Amsterdã, na Holanda, como uma trader de grãos. Hoje a sede da empresa fica em Nova York, nos Estados Unidos, opera em cerca de 25 países e, segundo Telles, faturou cerca de US$ 22 bilhões ao redor do mundo em 2003.
No Brasil a companhia começou a funcionar em 1905. Hoje ela tem duas subsidiárias no país, a Bunge Alimentos e a Bunge fertilizantes. A primeira, além de processar e comercializar grãos, vende no mercado interno óleos, margarinas, maionese e farinhas sob marcas como Soya, Salada, Delícia, Primor e All Day.
A segunda, como o próprio nome já diz, produz fertilizantes e ingredientes para nutrição animal e os comercializa sob as marcas Serrana, Manah, Iap e Ouro verde.
No ano passado a divisão de alimentos, que figura em quarto lugar no ranking das maiores exportadoras, faturou R$ 12 bilhões, 40% a mais do que em 2002 segundo informações da companhia, e teve um lucro líquido de R$ 576 milhões, contra um resultado negativo em R$ 298 milhões em 2002.
Já a subsidiária de fertilizantes tem uma vocação exportadora menor. De acordo com Telles, a receitas cambiais da divisão somaram R$ 200 milhões em 2003. No entanto, o faturamento ficou em R$ 6,4 bilhões, 45% a mais do que em 2002, segundo dados da empresa, e o lucro líquido em R$ 391 milhões, contra apenas R$ 1,2 milhão em 2002.
No total o grupo faturou R$ 18,4 bilhões no Brasil em 2003, 42% a mais do que em 2002, e obteve um lucro líquido de R$ 917 milhões, contra um prejuízo de R$ 333 milhões em 2002.
A empresa tem 73 unidades no Brasil, entre fábricas, terminais portuários e centros de distribuição. A sede da divisão de alimentos fica em Santa Catarina e a de fertilizantes em São Paulo. Ela emprega 10,6 mil pessoas.
Contato
Bunge Alimentos
www.bungealimentos.com.br
Bunge Fertilizantes
www.bungefertilizantes.com.br
Bunge Brasil
www.bunge.com.br

