Roma, Itália – Viagens exploratórias e colonizadoras. Viagens para a conquista de territórios. Viagens de calma e paz, viagens de fuga. Viagens sensíveis e inteligentes e muitas outras modalidades que não são feitas apenas de chegadas e deslumbramentos, mas de conhecimento. São essas viagens e seus memoráveis personagens que serão contados, mostrados, cantados e encenados durante a terceira edição do Festival de Literatura de Viagem de Roma, que começa hoje (30) e termina no domingo (03). O tema deste ano é o Oriente.
O Festival de Literatura de Viagem foi criado em 2008. Organizado pela Sociedade Geográfica Italiana e pela Federculture (entidade italiana que reúne empresas públicas e privadas prestadoras de serviço nas áreas de turismo, cultura, esporte e tempo livre), o evento nasceu com o objetivo de apresentar ao público italiano as mais diversas formas de narrações de viagem. Da literatura, desenho e fotografia, passando pelo cinema, teatro, música e chegando até os quadrinhos. Abraçando aspectos culturais, históricos e geográficos das regiões onde o viajante pousa os olhos e a alma.
Para a edição deste ano, o festival lança um olhar sobre o Oriente próximo, para os países vizinhos à Itália, banhados pelo mar Mediterrâneo, principalmente as nações árabes. “É um tema de grande valor cultural, histórico e também muito atual para toda a Europa”, afirma Claudio Bocci, executivo da Federculture e diretor do Festival, e completa: “A Itália, devido à sua posição, é o centro da intempérie política, cultural e econômica entre os países do Oriente Médio e Europa. Iniciativas que promovam o conhecimento histórico e geográfico da região, acredito, são o melhor modo para pensar tais questões”.
As rotas
O programa escolhido deixa claro o conteúdo e o fio condutor do evento. Na mostra Grande Veneza, terra e gente, até Istambul e Alexandria, exposta no Palazzo delle Esposizioni de Roma, por exemplo, o visitante vai encontrar um mix de 60 imagens atuais de cidades na Síria, Líbano, Palestina e, claro, Veneza. As fotos, escolhidas em parceria com agência de fotografia Luz, foram feitas por fotógrafos italianos e são expostas ao lado de 13 imponentes cartas geográficas e 11 livros raros, editados entre os séculos 16 e 19, com relatos e mapas de antigas rotas comerciais do período. Entre as obras de maior valor, Viaggio da Venetia a Costantinopoli, de Giuseppe Rosaccio, datado de 1598.
O objetivo da mostra, segundo os curadores Antonio Politano e Simone Bozzato, é contar a influência que Veneza, séculos atrás, tinha em toda a região do Oriente Médio, trazer tal fato para os dias de hoje e mostrar que o Mediterrâneo é um lugar de encontro e de paz. Imagens de jovens surfistas na Palestina, crianças em parques na Síria e rostos sorridentes fazem parte da seleção. A exposição ficará em cartaz até o dia 24 de outubro.
A segunda mostra do Festival, Coisas Turcas, histórias de viajantes italianos entre os séculos 16 e 20, em cartaz na biblioteca da Sociedade Geográfica Italiana, explora outra parte do Oriente, a Turquia: apresenta aos visitantes documentos, livros, mapas, cadernos de anotações, fotografias e cartões postais dos viajantes italianos ao país. Esta última fica aberta somente até domingo (03).
Lugar de livros
Dos 20 encontros previstos, destaque para Alexandria e Salonicco, o lugar dos livros e a capital mestiça, na sexta-feira (01), no jardim da sede da Sociedade Geográfica Italiana. O evento reunirá Youssef Zeidan, diretor do Centro de Manuscritos da Biblioteca de Alexandria, no Egito, e autor do romance Azazel; o jornalista do La Repubblica Bernardo Valli e a escritora Melania Mazzucco.
Outro encontro importante é com os fundadores dos guias de viagem Lonely Planet, Tony e Maureen Wheeler. Eles apresentarão ao público a nova coleção da Lonely, intitulada Itinerário de Autor, lançada este ano. São guias ilustrados, assinados por autores, em geral, jornalistas como a francesa Elodie Lepage, que escreveu sobre Florença.
No teatro, o Festival abre as portas para a peça A Rainha sem coroa, de Massimo Vincenzi, que conta a história da inglesa Gertrude Bell, personagem fundamental para a criação do estado moderno do Iraque. Uma espécie de Laurence de Arábia, Gertrude foi uma das cabeças da Inteligência Britânica no Oriente Médio durante a revolta árabe, que criou o Iraque, partindo da unificação de três províncias. Apaixonada pelo povo e cultura árabes, profunda conhecedora do território, Gertrude participou ativamente da independência da região do Império Turco-Ottomano na década de 1910. A peça será na sexta-feira (01), na sede da Sociedade Geográfica.
Homenagem
A exibição cinematográfica fica por conta de dois filmes de Gabriele Salvatores: Marrakech Express, de 1989, e Puerto Escondido, de 1992. Uma homenagem ao diretor que, no fim dos anos 80, com Marrakech, levou os italianos médios a uma interessante viagem atravessando Itália, França e Espanha, fincando os pés no desconhecido Marrocos. Uma viagem que parte do externo para revelar o interior de cada um dos personagens. Em Puerto Escondido, cruzou fronteiras e chegou ao paradisíaco e colorido México, para jogar luz nos estereótipos desenhados pelos europeus. Outra grande viagem.
Todas as atividades do Festival de Literatura de Viagem são gratuitas. O evento tem dois pontos centrais, o Palazzo delle Esposizioni e a sede da Sociedade Geográfica Italiana. Eventos paralelos acontecem nas bibliotecas de Roma e no Templo de Adriano.
Mais informações
Site: http://www.festivaletteraturadiviaggio.it/
E-mail: info@festivalletteraturadiviaggio.it
Telefone: + 39 060608
Locais
Palazzo delle Esposizioni
Endereço: Via Milano, 13, entrada 9 A, Roma
Sociedade Geográfica Italiana
Endereço: Via delle Navicella, 12, Roma