São Paulo – Caparaó, Região Vulcânica, Alta Mogiana, Chapada Diamantina, Matas de Rondônia. Estas são algumas regiões produtoras de café brasileiro presentes na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte, que teve como tema da edição 2023 “Origens produtoras – uma visão de futuro para uma nova cadeia do café”.
O evento, que termina nesta sexta-feira (10), é o maior do setor na América Latina e um dos mais importantes do mundo, e este ano mostrou a importância da sustentabilidade, da rastreabilidade e das origens produtoras e indicações geográficas como sinônimo de qualidade para os cafés brasileiros.
O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos característicos de seu local de origem, agregando valor, reputação e destacando os produtos no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e know-how.
O Brasil hoje conta com 15 indicações geográficas para café e outras vinte regiões produtoras de café no País.
A cafeicultura mineira tem o maior número de indicações geográficas reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). São elas Campo das Vertentes, Caparaó (Minas e Espírito Santo), Matas de Minas, Cerrado Mineiro, Região da Mantiqueira de Minas e Região Sudoeste de Minas. Outras macrorregiões produtoras do estado são o Sul de Minas, Chapada de Minas e Montanhas de Minas.
Em coletiva de imprensa na SIC durante a manhã de quinta-feira (09), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Antonio de Salvo, afirmou que um dos maiores desafios do setor é a sucessão no campo.
O engenheiro agrônomo está à frente da federação há dois anos e é a quarta geração de produtor rural de sua família. Ele afirmou que o Brasil é o País que mais preserva o meio ambiente e que vem otimizando a produção agropecuária sem aumentar a área utilizada.
Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), informou que o Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, e que o café verde é o sétimo item mais vendido na pauta de produtos agropecuários.
A diretora declarou que o produtor rural é o maior interessado em se aprimorar para preservar o meio ambiente e mitigar mudanças climáticas. “Nossa cafeicultura é carbono negativo, a produção de café no Brasil sequestra carbono”, disse.
A capacitação de pequenos produtores também ajuda a produção a ser cada vez mais sustentável, com a utilização de bioinsumos, matrizes energéticas limpas, como placas solares, entre outras ações. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) faz um importante trabalho de capacitação de profissionais no campo e incentiva a sucessão jovem a tomar consciência da importância das boas práticas.
Raquel Miranda, assessora técnica para o setor de café na CNA e produtora de café no Sul de Minas, informou que o Brasil produz grandes quantidades tanto de café arábica como de conilon e robusta. Ela disse que a produção nacional valoriza cada vez mais a diversidade em cargos de liderança e que a qualidade de um café não está apenas em sua pontuação e atributos sensoriais, mas nas boas práticas e sustentabilidade da produção.
“O Brasil é um grande produtor, exportador e consumidor de café. Somos o terceiro maior consumidor de café no mundo e a qualidade dos nossos cafés vem aumentando ano a ano, com características extrínsecas ao grão, que vão além do sensorial. Tem crescido a demanda para que consigamos comprovar e demonstrar a valorização da diversidade e os direitos humanos no setor, e o Brasil tem todos os atributos para confirmar a rastreabilidade dos produtos”, disse a assessora.
Além da indicação geográfica, o trabalho cooperativista em algumas regiões produtoras também ajuda na rastreabilidade do produto, declarou Raquel.
China e Arábia Saudita foram os dois mercados que tiveram maior crescimento na disponibilidade interna de café, informou Sueme a partir de um indicador que mostra o crescimento da disponibilidade de café em diversos mercados, considerando a produção, o comércio e as variações de estoque.
“É um forte indicativo para a evolução do consumo nestes países. Mercados orientais têm registrado grandes aumentos nos últimos anos, mostrando o aumento da aceitação do café no paladar destes consumidores”, disse.
Cafés especiais
Vinicius Estrela, diretor-executivo da Brazil Specialty Coffee Associaation (BSCA), informou durante a SIC que o Brasil produz cerca de 8 milhões de sacas de cafés especiais por ano, de mais de 35 regiões e mais de 150 variedades cultivadas.
“Isso garante uma diversidade de perfis sensoriais incrível e coloca o Brasil no mapa dos cafés especiais”, disse Estrela.
Segundo o diretor, novas gerações de cafés especiais brasileiros vêm sendo produzidas com novas variedades, garantindo, além do perfil tradicional do café especial brasileiro, com notas de chocolate, também cafés florais, fermentados, com maior acidez, entre outras qualidades.
O objetivo da associação é aumentar o diferencial do café brasileiro e continuar apresentando novos perfis sensoriais, para então viabilizar blends 100% brasileiros.
Sobre os países árabes, Estrela disse que os que mais se destacam na compra de cafés especiais brasileiros são Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, e que a BSCA participa desde o ano passado da World of Coffee Dubai, feira especializada no emirado, que acontece no final de janeiro, e irá participar no ano que vem.
A Semana Internacional do Café abrange, além de produtos e serviços da cadeia do café, também itens como queijos, doce de leite, cachaça, azeites, méis e mate.
A feira é realizada pelo Sistema Faemg/Senar, Sebrae, governo de Minas Gerais e pela Espresso&Co. O Sistema CNA/Senar participa realizando uma série de ações. A reportagem da ANBA participou da feira a convite da CNA.
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