São Paulo – Os preços dos alimentos medidos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) caíram em janeiro em comparação com dezembro, segundo o Índice de Preços da FAO divulgado nesta quinta-feira (05) pela instituição. As principais razões para a queda nos custos dos alimentos são as safras boas obtidas nos últimos anos e o petróleo barato, o que diminui o custo com transporte. Esta situação favorece os países que importam alimentos, mas prejudica aqueles que exportam, como o Brasil.
Em janeiro, o índice geral de preços da FAO registrou 182,7 pontos, valor 1,9% inferior ao observado em dezembro do ano passado. Este índice é formado por outros cinco indicadores, que medem os grupos de alimentos das carnes, dos laticínios, dos cereais, dos óleos vegetais e do açúcar.
O índice dos cereais registrou 177,4 pontos no mês passado, com redução de 3,6% em comparação com dezembro de 2014 e 34% abaixo do pico para este índice, registrado em junho de 2008. O preço do trigo, por exemplo, caiu 7% em janeiro.
O índice que mede o custo dos óleos vegetais registrou 156 pontos, ou 2,9% abaixo de dezembro e no menor nível desde outubro de 2009. Segundo a FAO, o indicador dos óleos vegetais se retraiu porque houve grande fornecimento de óleo de soja e porque o preço do petróleo está baixo, fator que reduz a atratividade dos óleos vegetais para a produção de biocombustível.
O índice para os laticínios se manteve estável em 173,8 pontos, situação que se repetiu no cálculo do açúcar. As carnes tiveram redução de 1,6%, para 194,3 pontos, devido à valorização do dólar (os EUA são exportadores) e à grande disponibilidade de carne suína.
No comunicado, a FAO observa que há uma tendência de queda no preço dos alimentos desde abril do ano passado. Desde janeiro, o índice que mede o custo dos laticínios teve redução de 35%, já o das carnes teve alta de 6,6%.
Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugênio Stefanelo afirmou à ANBA que a tendência é que o preço dos alimentos fique “estável” neste ano, o que favorece os países que importam alimentos e afeta o desempenho daqueles que são grandes exportadores, como é o caso do Brasil.
“Até 2005, os preços dos grãos estavam baixos. Eles passaram a subir desde a metade da década passada com o crescimento da demanda da China e devido à quebra de safra nos Estados Unidos, no norte da Europa, na Austrália. Isso fez com que os preços subissem até o fim de 2013. Com a recuperação da oferta, os preços recuaram, mas, de forma geral, se mantiveram acima dos valores registrados até 2005. Novas terras foram incorporadas, novas tecnologias aumentaram a produtividade. Agora, não há tantas terras e tecnologias para entregar o ganho de produtividade, nem quebra de safra prevista”, disse.
Segundo Stefanelo, antes do aumento dos preços a partir de 2005, o bushel de soja (medida equivalente a 27,2 quilogramas) era comercializado, em média, a US$ 6. A cotação do mesmo produto subiu para US$ 17 e hoje varia entre US$ 9 e US$ 11.
Ainda de acordo com Stefanelo, há a estimativa de que as cotações das carnes de frango e suínos possam ter uma pequena redução em relação ao patamar de 2014 devido ao custo menor dos insumos. Já a carne bovina deverá manter os preços mais elevados em razão de produção menor em grandes produtores e por causa do dólar fortalecido.
A FAO ainda observa, em seu comunicado, que os estoques de cereais são 50% maiores do que em 2008 e 8% superiores ao total armazenado em 2014. Neste ano, os estoques deverão atingir 623 milhões de toneladas.


