São Paulo – Sustentabilidade. Palavra que tem ganhado força em diferentes frentes no mundo. E no setor calçadista brasileiro não é diferente. O segmento nacional já conta com sete empresas certificadas e outras 40 em processo de certificação, parte do programa Origem Sustentável, da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
O Origem Sustentável foi criado em 2013 e passou por uma reformulação em 2019. Hoje, é a única certificação de sustentabilidade para a cadeia calçadista em todo o mundo, baseada em práticas internacionais. “O objetivo do programa é certificar o máximo de empresas brasileiras nos próximos anos”, diz o gestor de Projetos da Abicalçados, Cristian Schlindwein. O programa segue indicadores de cinco dimensões, a econômica, a ambiental, a social, a cultural e a de gestão da sustentabilidade.
A atuação da Calçados Bibi (foto de destaque), uma das empresas certificadas pela Abicalçados, é norteada pelos pilares da sustentabilidade social, ambiental, cultural e econômica, além dos princípios de ESG (do termo em inglês ‘Environmental, Social and Corporate Governance’). A marca é focada no público infantil e exporta para mais de 70 países. Pensando na saúde e o bem-estar das crianças, a Bibi desenvolveu uma cadeia produtiva com fornecedores que disponibilizam apenas matéria-prima não tóxica para a confecção dos calçados, seguindo os padrões internacionais.
A empresa também anunciou uma série de compromissos até 2030. “A sustentabilidade está no DNA da Bibi desde sua fundação. Nas plantas fabris, é utilizado energia elétrica limpa, oriunda de fontes sustentáveis. Além disso, os resíduos industriais são reciclados ou coprocessados, não sendo enviados aos aterros sanitários”, comenta o gerente de Suprimentos e Sustentabilidade da Calçados Bibi, Ismael Fischer. A marca foi recertificada pelo programa da Abicalçados com o selo Diamante de Sustentabilidade.
Em outra marca brasileira, a Usaflex, a sustentabilidade também faz parte da cultura. Em 2012, a empresa passou a destinar uma verba no orçamento para o tema e criou um comitê, composto por colaboradores de diversas áreas como Assistência Social, Segurança do Trabalho, Financeiro, Inovação e Supply, responsável por elaborar e executar as ações de sustentabilidade. Além disso, a partir do mesmo ano as ações passaram a ser reportadas no Relatório de Sustentabilidade, que segue as diretrizes estabelecidas pela Global Reporting Initiative (GRI).
Ao ingressar no Origem Sustentável da Abicalçados a Usaflex relacionou todas as suas práticas em um único programa, utilizando, assim, indicadores baseados nas referências internacionais de sustentabilidade e alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU) e ao próprio GRI.
A Usaflex também recebeu o selo Diamante em dezembro de 2021, e passou a ter ações validadas por auditores externos. “Como única certificação de sustentabilidade na cadeia produtiva do calçado do mundo, o Origem Sustentável traz vantagens competitivas, sobretudo para a exportação a mercados mais desenvolvidos”, enfatiza o CEO da marca, Sergio Bocayuva.
Conforme o executivo, a gestão da sustentabilidade é um processo contínuo. “Acreditamos que esse conjunto de compromissos, consonantes com a nova política de sustentabilidade, será o alicerce de um novo ambiente empresarial para a Usaflex, agregando relações humanas e corporativas em prol da geração de impactos positivos nos sentidos econômico, social e ambiental”, completa Bocayuva.
Os dez objetivos da Usaflex
A Usaflex produz 5 milhões de pares por ano e exporta 10% da produção. A marca atua no mercado árabe em países como o Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Bahrein e Líbia, que respondem próximo de 15% de participação nas vendas externas. Além disso, há três lojas licenciadas Usaflex na Arábia Saudita e no Kuwait.
Recentemente, a marca lançou dez objetivos de sustentabilidade. Entre eles, estão a promoção da saúde, segurança, bem-estar e conforto dos colaboradores e das comunidades nas quais a Usaflex está presente. Também são citados o incentivo ao desenvolvimento social e econômico das regiões onde a marca está inserida, além do objetivo de redesenhar constantemente produtos e processos para minimizar os impactos ambientais.
Os planos da Bibi
Já a produção anual nos parques fabris da Calçados Bibi é de 2,5 milhões de pares, sendo que 20% serão destinados à exportação. A Bibi está presente atualmente em alguns países que compõem o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC na sigla em inglês), que são Arábia Saudita, Emirados, Bahrein e Omã, além outras nações árabes como Líbano, Marrocos, Argélia, Egito e Líbia.
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Com dois parques fabris, sendo um em Parobé, no Rio Grande do Sul, e outro em Cruz das Almas, na Bahia, a marca desenvolve projetos voltados para as comunidades locais de tais regiões.
Entre os compromissos da empresa até o ano de 2030, estão melhorar o sistema de gestão ambiental da rede. Já no lado social, a marca quer promover a qualificação profissional constante de jovens das comunidades locais, por meio do programa “Fábrica de Talentos Bibi”, realizando a efetivação de, no mínimo, 30% dos participantes do programa junto à empresa.
Origem Sustentável
As empresas interessadas podem certificar marcas individualmente, seguindo o passo a passo através do site oficial do programa. A validade da certificação é de dois anos, devendo a empresa buscar a recertificação após findado o prazo.
*Reportagem de Lisiane Mossmann, especial para a ANBA.