São Paulo – O vice-presidente eleito do Brasil, Hamilton Mourão, recebeu nesta terça-feira (18), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, em Brasília, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, o presidente do Conselho da entidade, Walid Yazigi, o vice-presidente de Relações Internacionais, Osmar Chohfi, o secretário-geral interino, Tamer Mansour, e o conselheiro Antonio Portinari.
Os executivos da Câmara Árabe entregaram a Mourão um estudo feito pela entidade sobre o potencial de crescimento das relações do Brasil com os países árabes, especialmente nas áreas de comércio e investimentos. O estudo diz, por exemplo, que as exportações brasileiras à região podem chegar a US$ 20 bilhões até 2022, último ano do governo que tomará posse em 1º de janeiro de 2019, e que o fortalecimento dos negócios bilaterais tem condições de gerar 300 mil empregos no mesmo período.
O documento detalha uma série de ações a serem tomadas pelos setores público e privado nos próximos quatro anos para que estes objetivos se concretizem. “O estudo mostra que este potencial existe, é real e possível, que vai fomentar a criação de empregos rapidamente e que há muito interesse por parte dos países árabes”, disse Hannun à ANBA.
Em sua conta no Twitter, Mourão postou uma foto do encontro e disse: “Recebi no Gabinete de Transição, em Brasília, representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, quando conversamos sobre as possibilidades de comércio e investimentos no Brasil dos 22 países árabes representados pelo órgão”.
Comércio, investimentos e a formação de uma parceria estratégica entre as duas regiões na área de segurança alimentar foram temas de reunião. Os representantes da Câmara Árabe apresentaram também um estudo específico sobre o potencial de negócios com os países árabes no agronegócio.
Os países árabes de forma geral são deficitários na produção de alimentos e dependem das importações, e por esta razão têm interesse em investir em empreendimentos agropecuários e agroindustriais no exterior para garantir o abastecimento de suas populações. “Queremos ser os principais parceiros dos árabes na área de segurança alimentar”, destacou Hannun.
Ele acrescentou que países árabes têm interesse em investir também em projetos de infraestrutura ligados ao agronegócio, para permitir o escoamento da produção. “Falamos muito sobre o futuro, sobre como ampliar os negócios rapidamente”, ressaltou.
Segundo o presidente da Câmara Árabe, Mourão se mostrou muito aberto, receptivo e interessado nos temas apresentados pela entidade.
Os diretores da Câmara Árabe comentaram ainda sobre a possibilidade aventada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, contrariando o posicionamento histórico do País e das Nações Unidas sobre a questão. “Nós temos a preocupação de não criar ruídos nas relações [com os países árabes], com algo que poderia impedir a realização deste potencial [de negócios]”, declarou Hannun.
Jerusalém é alvo de disputa entre palestinos e israelenses, pois ambos reivindicam a cidade – ou parte dela – como sua capital. A ONU definiu que os países membros não instalem lá suas embaixadas até o que status do local seja definido, posição seguida pela imensa maioria das nações, incluindo todas as árabes e o Brasil, até agora.