São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) assinaram acordo de cooperação técnica nesta segunda-feira (31) para trabalharem juntas pela promoção e fortalecimento da imagem da carne bovina brasileira no mercado árabe. O termo, que deve aproximar ainda mais as duas entidades, foi firmado pelo presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, e pelo presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, na capital paulista.
A Câmara Árabe e a Abiec já trabalham juntas em áreas de interesse comum, em ações pontuais, e a ideia é que isso se torne mais frequente e seja reforçado. “Vamos fortalecer a parceria de longa data que a Câmara Árabe tem com a Abiec”, afirmou Sallum à ANBA, ressaltando que haverá uma união de forças, com troca de informações, desenvolvimento de novas parcerias, atuação junto ao governo brasileiro.
De acordo com Camardelli, o objetivo é criar um momento novo nestas relações. O presidente da Abiec entende que nessa atual conjuntura de governo, esse trabalho (junto aos mercados) ficará mais por conta do setor privado. “Temos que saber nos organizar e ver quais vias de edificação serão necessárias para que possamos trabalhar juntos”, afirmou Camardelli.
O acordo tem como meta ampliar o mercado da carne bovina brasileira nos países árabes por meio da colaboração das duas entidades em eventos de promoção comercial e defesa de interesses do setor, do incremento da rede de contatos entre importadores e exportadores do Brasil e mundo árabe e do engajamento na resolução de barreiras de comércio.
Também está prevista a realização de estudos de mercado e intercâmbio de informações comerciais relevantes, o trabalho pela facilitação do comércio e a participação ativa da Abiec e da Câmara Árabe em agendas estratégicas do mercado árabe. As duas entidades se comprometeram a se reunir periodicamente para planejamento das ações.
Uma das últimas ações conjuntas da Câmara Árabe e a Abiec foi a realização de um churrasco halal para importadores árabes durante a Sial, feira da indústria alimentícia em outubro em Paris. O objetivo da iniciativa foi promover a carne bovina halal produzida no Brasil. Participaram cerca de 400 empresários. “Mandamos o nosso recado”, afirmou Camardelli à ANBA sobre o churrasco da Sial. Sallum ressaltou a grande participação das empresas árabes no evento.
Os países árabes são um mercado importante para a carne bovina brasileira. O Egito e a Arábia Saudita estão entre os maiores compradores do produto no exterior. Entre janeiro e setembro deste ano, o Egito ocupava a quarta posição e a Arábia Saudita a décima. O mercado egípcio importou 162,7 mil toneladas no período, o que gerou receita de US$ 506,5 milhões para o Brasil, e os sauditas compraram 22,4 mil toneladas, o que rendeu US$ 85,7 milhões.
As exportações para o Egito avançaram 0,9% nos nove primeiros meses deste ano sobre iguais meses do ano passado em receita. De janeiro a setembro de 2015 elas estavam em US$ 502 milhões. Em volume, as vendas ao país cresceram 11% no período, já que estava em 146,6 mil toneladas nos nove primeiros meses do ano passado. A Arábia Saudita não importou carne bovina brasileira de janeiro a setembro de 2015, já que as exportações estavam embargadas.
As duas entidades também trabalharam juntas, ao lado de outros organismos e do governo federal, pelo fim do embargo da Arábia Saudita à carne bovina brasileira. O embargo ocorreu no final de 2012, quando o governo brasileiro anunciou que uma vaca do rebanho paranaense morreu em 2010 portadora da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). O animal não desenvolveu a doença e o caso foi considerado como “atípico” pela Organização Internacional para a Saúde Animal (OIE). O embargo foi levantado em novembro do ano passado.
Sallum e Camardelli assinaram o acordo de cooperação em encontro na sede da Câmara Árabe, acompanhados pelo presidente do Conselho Superior de Administração da Câmara Árabe, Walid Yazigi, pelo conselheiro sênior do Presidente da entidade, Ramez Goussous, pelo diretor geral Michel Alaby, e pelo diretor de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Mauricio Borges. Também participou Lhais Sparvoli, das Relações Institucionais da Abiec.