São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira concluiu no começo deste mês uma das últimas etapas de desenvolvimento do CCAB Lab, o seu laboratório de inovação. O lançamento do projeto, cuja ideia inicial foi apresentada em maio do ano passado, está previsto para agosto. O CCAB Lab será um hub que funcionará como agente de aproximação entre os ecossistemas ligados à inovação do Brasil e dos países árabes.
Os detalhes do CCAB Lab serão divulgados no lançamento, mas já é possível dizer que ele vai envolver vários atores da economia disruptiva das duas regiões, como startups, entidades, institutos, universidades, agentes de governo, fundos, entre outros. “Queremos expandir a relação do Brasil com os países árabes para uma outra esfera, das trocas pela inovação e voltadas ao futuro, inserindo-se nesse ecossistema”, diz a consultora de Negócios Internacionais na Câmara Árabe, Karen Mizuta (foto acima), líder do projeto.
A etapa concluída neste mês foi a mentoria do projeto, feita pela TDS Company, empresa voltada para transformação digital. Terminado o processo, faltam apenas alguns trâmites para que o CCAB Lab seja posto em operação. O cientista-chefe da TDS, Silvio Meira, afirma que se trata de um projeto inovador pois não há outro assim sendo feito em câmaras de comércio. Meira é conhecido como uma das maiores autoridades em inovação no Brasil.
Ele afirma que há no mundo árabe uma multitude de complexidades locais, o que chama de redes, em função das diferentes realidades de cada país. “Então é inovador, é complexo, tem um potencial de impacto imenso, tem um potencial cultural também imenso de aproximar as sociedades e economias de tantas geografias”, afirma sobre o CCAB Lab. Meira diz que o objetivo não é tornar o Lab uma operação periférica nas relações Brasil-países árabes, mas mudar a forma, o tom e conteúdo com que se negocia com os países árabes, indo além das commodities.
Para começar a colocar a ideia do CCAB Lab em pé, a Câmara Árabe formou um grupo de trabalho interno multidisciplinar que atuou juntamente com a TDS na formulação do plano de negócios. A equipe trabalhou com a abordagem Design Thinking, usada por startups para criar produtos e serviços de forma criativa e colaborativa. Segundo Mizuta, a mentoria envolveu a construção de conhecimento na área de atuação do CCAB Lab, elaboração de estratégia a partir das discussões e a formulação de possíveis produtos – que serão serviços.
“Já tínhamos uma visão do que seria o CCAB Lab, que foi sendo lapidada com os vários insights que o grupo foi trazendo”, relata Mizuta. Baseado ele mesmo em um modelo de startup, o CCAB Lab será mutante, ou seja, vá se modificando, adaptando e modernizando segundo as experiências e respostas dos mercados.
TDS, consultoria reversa
Silvio Meira conta que o que a TDS faz – e fez no CCAB Lab – é uma consultoria reversa. “A gente trabalha junto das pessoas como habilitadores de um processo de desenho estratégico para descobrir juntos o que elas querem fazer, o que elas podem fazer, o que elas devem fazer”, diz. A estratégia digital proposta pela TDS é antecipar o futuro. “É um processo de trazer ‘futuros’, no plural, para os negócios”, descreve Meira.
O trabalho é baseado em cinco etapas: conhecimento, estratégia, produto, negócio e escala. O primeiro é um ciclo de entendimento do assunto para que se possa avançar para o passo seguinte, na estratégia, que é descobrir as oportunidades. “Você cria hipóteses e faz escolhas”, explica Meira. O ciclo de produtos é o de experimentação de protótipos criados, seguido pela transformação daquilo em negócio normatizado e depois dando a ele escala.