São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, e o secretário-geral da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafy, se reuniram na tarde desta terça-feira (29), em Brasília, com o presidente em exercício do Brasil, Hamilton Mourão (foto acima), e com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para falar do fortalecimento das relações econômicas e comerciais do País com o mundo árabe. O vice Mourão ocupa o cargo interinamente porque o presidente Jair Bolsonaro se recupera de uma cirurgia no abdômen realizada segunda-feira (28).
“Foram conversas muito produtivas em relação ao comércio”, disse Hannun à ANBA. “A iniciativa privada, o presidente em exercício e a ministra estão muito interessados, estão vendo perspectivas muito interessantes”, destacou.
Hannun e Hanafy convidaram Mourão e Cristina a participar de um fórum árabe sobre segurança alimentar programado para ocorrer no segundo semestre. O Brasil já é grande fornecedor de alimentos ao Oriente Médio e Norte da África, especialmente de carnes bovina e de frango, mas os países da região têm grande preocupação com a garantia de abastecimento, pois são deficitários na produção e dependem das importações.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta terça, Hanafy sugeriu o aumento do processamento de matérias-primas do Brasil em países do Oriente Médio, como a soja, e o estabelecimento de polos logísticos em portos árabes para receber produtos brasileiros e distribuí-los pelos mercados da região e até de fora dela.
Ele disse ainda ao jornal que os empresários árabes estão preocupados com a possibilidade de mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, tema que qualificou de “muito crítico”.
Com sede em Beirute, no Líbano, a União das Câmaras é o braço da Liga dos Estados Árabes para o setor privado, e reúne câmaras de comércio dos países árabes e de fora da região, como a brasileira.
Hannun já havia se encontrado com Mourão, então vice-presidente eleito, em dezembro, quando entregou um estudo sobre o potencial de crescimento do comércio do Brasil com os países árabes elaborado pela Câmara Árabe. O documento estima, por exemplo, que as exportações à região têm condições de chegar a US$ 20 bilhões até 2022, ante US$ 11,5 bilhões no ano passado, e que o aumento das relações econômicas pode gerar 300 mil empregos no período.
Nesta terça, a Câmara apresentou à ministra Tereza Cristina um estudo específico sobre o potencial de negócios entre o Brasil e o mundo árabe na área do agronegócio. O relatório sugere medidas para fazer com que o Brasil se torne o terceiro maior parceiro comercial do mundo árabe. Hoje é o quinto. Hannun contou que a ministra tem intenção de fazer uma viagem à região. “Ela tem consciência da importância dos países árabes para o setor e quer aprofundar as relações por meio da Câmara Árabe”, ressaltou.
Hannun acrescentou que os contatos com o novo governo brasileiro têm sido muito promissores e destacou que a parceria da Câmara Árabe com a União das Câmaras está bem estruturada e pode fornecer apoio tanto para a iniciativa privada quanto para o setor público. “Há interesse do Brasil e muito potencial a ser desenvolvido mesmo, estamos no caminho certo”, disse.
BRF
Mais cedo, em São Paulo, Hannun e Hanafy se encontraram com Pedro Parente, presidente da BRF, holding dona das marcas Sadia e Perdigão. Os países árabes são um dos principais mercados da empresa no exterior, tanto que ela tem uma fábrica de alimentos em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e participação acionária em diversas distribuidoras da região. De acordo com Hannun, Parente também está “sensível” aos potenciais efeitos de uma eventual mudança da embaixada.
Participaram ainda das reuniões desta terça o vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, embaixador Osmar Chohfi, e o secretário-geral da entidade, Tamer Mansour.
O grupo segue em Brasília nesta quarta-feira para audiências com o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Mário Vilalva, e com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Fernando Collor.