São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, participou nesta sexta-feira (20) da oitava reunião do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia, em Túnis. Hannun é presidente do conselho pelo lado brasileiro e o embaixador Hassine Bouzid é o presidente pelo lado tunisiano.
Segundo a executiva de negócios internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, que acompanhou o encontro, os principais temas discutidos foram a retomada das negociações de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a Tunísia, e a assinatura de um tratado de facilitação de investimentos entre o Brasil e a nação árabe. Estes dois acordos foram discutidos também pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, com autoridades tunisianas nesta sexta-feira. Aloysio está em visita oficial à Tunísia.
Na reunião do conselho, os membros defenderam a promoção de fóruns de negócios nos dois países e combinaram o retorno de empresários tunisianos na próxima feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas Show). Empresas tunisianas têm participado das últimas edições da mostra em pavilhão organizado pela Câmara Árabe.
No encontro realizado na sede da União Tunisiana da Indústria, Comércio e Artesanato (Utica), ficou acordado que empresas tunisianas passarão a ter uma estrutura na Câmara Árabe para desenvolver seus negócios no Brasil e a Utica disponibilizará estrutura semelhante para companhias brasileiras em busca de negócios no país árabe. Foi destacada ainda a importância do fomento ao turismo, principalmente para a Tunísia.
De acordo com Baltazar, os membros tunisianos destacaram que há oportunidades de negócios para empresas brasileiras no mercado de carnes bovina e de frango. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) são integrantes do conselho.
Do lado brasileiro, participaram da reunião representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliva (Oliva), e das empresas Eurofarma, Embraer e Atech. A Atech é uma subsidiária da Embraer na área de sistemas.
A delegação brasileira foi recebida no Ministério das Relações Exteriores da Tunísia pelo secretário de Estado, Sabri Bachtobji (2º da esq. p/ dir. na foto do alto), que foi embaixador no Brasil, e na quinta-feira o grupo esteve no Ministério do Comércio, onde a Câmara Árabe discutiu formas de facilitação do comércio bilateral.
Comércio
No ano passado, as exportações brasileiras à Tunísia somaram US$ 286,6 milhões, um aumento de 45% sobre o ano anterior. Na outra mão, as importações ficaram em US$ 50,5 milhões, um crescimento de 6% na mesma comparação, o que resultou num superávit de US$ 236 milhões para o Brasil, valor 58% maior do que o registrado em 2016. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) compilados pela Câmara Árabe.
“A situação é séria”, disse Hassine Bouzid, que também já foi embaixador no Brasil, durante a reunião do conselho, segundo reportagem da agência de notícias Tunis Afrique Presse (TAP). O aumento do déficit comercial para a Tunísia foi causado por um forte recuo nas vendas ao Brasil de fosfatos e derivados. Para Bouzid, o volume de comércio está abaixo das expectativas, apesar das boas relações diplomáticas entre os dois países.
O embaixador destacou que é necessário um novo ímpeto para o comércio com a facilitação de procedimentos de exportação e importação, mais visitas de empresários de um país ao outro, participações em feiras e outros eventos econômicos e diversificação da pauta com a inclusão de setores como o farmacêutico, aeronáutico e automotivo.
De acordo com a TAP, Rubens Hannun ressaltou que o Brasil depende muito da importação de fertilizantes e a produção tunisiana de fosfato precisa voltar à plena capacidade para não perder este mercado.
Hannun acrescentou que a cooperação bilateral deve incluir ações culturais para aproximar os dois povos e a realização de um programa conjunto para fomentar o turismo.
Ainda segundo a TAP, o vice-presidente da Utica, Hichem Elloumi, destacou a importância de se identificar oportunidades de investimentos no Brasil.