São Paulo – O novo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Sergio Segovia (foto acima), esteve nesta sexta-feira (28) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e conversou com os líderes da entidade sobre a renovação da parceria entre a agência e a Câmara Árabe. À reportagem da ANBA, Segovia também falou sobre seus planos para a Apex, como a criação de novo plano estratégico com foco na maior eficiência.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e o secretário-geral, Tamer Mansour, estiveram com Segovia na quarta-feira (26), em Brasília. Nesta sexta, eles deram continuidade às conversas iniciadas anteriormente, desta vez com a presença do vice-presidente de comércio exterior da entidade, Ruy Cury, o vice-presidente administrativo Mohamad Orra Mourad, e a diretora de marketing e estratégia, Janine Bezerra de Menezes. Também participaram a gerente de exportações da Apex, Maria Paula Sobral Velloso, e o gerente do gabinete da presidência da agência, Odilon Leite.
Em entrevista à ANBA, Segovia contou que após esses encontros, a Câmara Árabe enviará uma proposta de parceria e acordo para a Apex. “O mercado do mundo árabe é fantástico para o Brasil, especialmente na área do agronegócio, na venda de proteína animal”, afirmou o presidente da agência. Segundo ele, o trabalho conjunto com a Câmara Árabe tem tudo para ser um jogo de “ganha, ganha”, benéfica para a entidade e agência. “No final, o que a gente quer é o Brasil exportando e atraindo divisas”, afirmou Segovia.
O presidente da Apex falou que pretende verificar novos nichos a serem explorados na promoção de produtos brasileiros no mercado árabe, atualmente bastante voltada ao agronegócio. Ele já tem no radar o setor de defesa, em função da sua alta tecnologia. “O mercado árabe é um consumidor de produtos de defesa e nós temos empresas, aqui em São Paulo mesmo, muito boas, como a Avibras, que fornece material da mais alta qualidade”, disse.
Questionado sobre seus planos à frente da Apex-Brasil, onde está há menos de dois meses, Segovia lembrou que a agência já tem uma missão pré-definida – que são a promoção das exportações de produtos brasileiros, a internacionalização das empresas nacionais e a atração de investimentos estrangeiros ao Brasil – e que cabe a quem está na presidência definir apenas a maneira de cumpri-la.
A esse modo de promover exportações, investimentos e atrair capital externo, Segovia quer dar mais eficiência. O novo presidente conta que estudando a Apex-Brasil e ouvindo os trabalhadores e colaboradores nestes primeiros tempos de trabalho, percebeu que é necessária uma mudança de visão. “Transformar a Apex com visão do século 20 em Apex com visão do século 21”, resume.
Para colocar em prática o objetivo, está sendo elaborado novo plano estratégico, cujo esqueleto será apresentado ao conselho deliberativo da agência no final de agosto e deve ficar pronto para implementação em novembro. A ideia é mudar processos e paradigmas. “A Apex é muito reconhecida por seu trabalho técnico, mas com o capital humano que temos, extremamente qualificado, junto com novas ferramentas, especialmente de tecnologia da informação, podemos aumentar ainda mais a nossa eficiência”, disse.
Para a elaboração do plano estão sendo consultados, além do pessoal da casa, clientes e instituições que participam da governança da Apex, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Economia, Ministério das Relações Exteriores, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre outros. “Ouvindo esse pessoal nós vamos implementar novos processos, nova maneira de trabalhar, de forma a aumentar a eficiência”, afirmou Segovia.
Segundo ele, essa não será uma ação disruptiva. O objetivo é trabalhar “o velho e o novo”, ou seja, as antigas e novas práticas, até que todo o processo de transformação seja implementado. Segovia espera que isso tenha sido feito até o final do seu período com presidente da agência. Em áreas propícias para tal, a implementação das novas práticas será imediata e total, em outras o processo será gradativo, segundo ele.
Sergio Segovia fala que, como brasileiro, seu desejo é que o País seja exportador de conhecimento, mas afirma que a Apex atuará na promoção de tudo o que o Brasil produz. “Eu não seria digno de sentar na cadeira de presidente da Apex se eu não ajudasse cada atividade comercial legal que produza um emprego e atraia um centavo de dólar para o Brasil”, afirmou ele à reportagem da ANBA.
O novo presidente manifesta seu desejo de ver o País agregando valor às commodities para exportar, porém entende que isso não depende da Apex. “Mas de políticas públicas que tenham mais recursos para investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação, daí vamos gerando produtos que sejam do gosto dos usuários, que a gente consiga vender”, diz. Segundo ele, esse é um processo que depende de vários atores, como universidades e recursos para que o País tenha uma indústria mais sofisticada.
Segovia também pretende reforçar junto às empresas brasileiras o entendimento de que a Apex não é uma agência financiadora de participação em feiras e que é preciso passar por todo o processo de preparação para o mercado internacional, o que é feito com auxílio da agência, antes das feiras. “Um produto quando está em uma feira participou de todo um processo, de qualificação, de entendimento do mercado”, afirma, sobre o trabalho prévio.
Sergio Segovia assumiu a Apex-Brasil em 6 de maio. Contra-almirante da Marinha, ele atuou com comércio exterior como responsável por processos de logística e de aquisições internacionais na Marinha, segundo informações divulgadas no site da Apex. Segovia é pós-graduado em Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra. O presidente contou para à ANBA que não tinha muito contato com o mundo árabe antes da Apex – foi a uma feira em Doha, capital do Catar, em 2008 -, mas que admira a cultura e a culinária árabes. “Sou consumidor da culinária árabe em Brasília”, afirma.