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São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira fez uma missão técnica para o Djibuti, país árabe do Nordeste da África, entre o final de janeiro e o começo deste mês. Foi a primeira viagem da entidade para o país, realizada com o objetivo de entender melhor o mercado local e trazer informações para o Brasil. A executiva de Negócios Internacionais Fernanda Baltazar cumpriu agenda de dois dias na capital, que tem o mesmo nome do país.
De acordo com Fernanda, o Djibuti tem uma localização estratégica em relação a três continentes. Ele fica na África, mas está próximo do Oriente Médio (Ásia) e da Europa. Foi de olho nesta posição do país que a Câmara Árabe planejou a viagem. A executiva conta que a economia local é movimentada principalmente em função desta localização, já que mercadorias que vão para países como Etiópia, Iêmen e Somália passam pelo país.
“O Djibuti tem uma economia baseada em serviços”, afirma Fernanda, sobre a logística que esse fluxo de produtos gera no país. O trânsito principal de mercadorias é para a Etiópia, país africano de população numerosa – mais de 100 milhões de pessoas – e considerado uma das economias mais promissoras da África. O Djibuti tem cerca de um milhão de habitantes. A Etiópia não tem passagem para o mar.
A executiva da Câmara Árabe conta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Djibuti cresceu a um ritmo médio de 6% nos últimos anos, percentual similar ao da Etiópia, impulsionado justamente pela economia do vizinho. O país é considerado um ponto importante para abastecimento de países árabes que enfrentam conflitos, como a Somália e o Iêmen.
A zona estratégica onde fica o Djibuti faz dele também um local de bases militares internacionais, o que traz ao país uma grande população estrangeira e um ar bastante moderno, segundo Fernanda. Os nativos são principalmente muçulmanos.
A executiva da Câmara Árabe relata que o Djibuti tem atrações turísticas e está investindo no desenvolvimento do segmento. O chamariz é principalmente a costa do Golfo de Áden, que banha o país. Além das belezas naturais do oceano, as águas do Golfo de Áden são utilizadas para atividades de mergulho.
O Djibuti não tem um setor industrial forte e importa praticamente tudo o que consome. Com isso, Fernanda acredita que as empresas brasileiras podem ser fornecedoras de alimentos país e que há oportunidades na área de construção, por causa da infraestrutura que vem sendo desenvolvida para os setores de turismo e logística. Uma empresa brasileira, a Odebrecht, construiu o terminal portuário da DP World no Djibuti.
A executiva de Negócios Internacionais da Câmara Árabe teve reunião no Grupo Coubèche, do qual fazem partes supermercados como Casino e Cash Center, entre outros negócios. As conversas com o grupo terão continuidade para avaliar a possibilidade de que empresas brasileiras passem a ser fornecedoras de produtos para o varejo local.
O Brasil exportou US$ 62 milhões em mercadorias ao Djibuti no ano passado, dos quais US$ 35 milhões foram açúcar. Também foram fornecidas máquinas rodoviárias, preparações alimentícias, veículos e carnes, entre outros produtos em valores pequenos.
No Djibuti, Fernanda Baltazar teve reuniões na Câmara de Comércio do país, no Porto de Djibuti e no terminal da DP World, além do grupo Coubèche. Ela ainda visitou vários supermercados locais e divulgou localmente a realização do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que vai acontecer em abril na capital paulista com a promoção da Câmara Árabe.
A executiva conta que a percepção da Câmara Árabe da grande movimentação na Câmara de Comércio do Djibuti, recebendo muitas visitas internacionais, também foi um fator motivador da visita. O Djibuti realizou a sua primeira feira internacional no ano passado, comemorando dez anos da Câmara local.



