São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira promoveu na noite desta quinta-feira (14) um jantar em homenagem ao embaixador do Catar em Brasília, Mohammed Alhayki (esq. na foto acima), que está deixando o posto após quase seis anos no Brasil. “Em todas as áreas o embaixador teve uma atuação marcante”, disse o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun (dir. na foto acima), em discurso.
Como exemplo, ele citou o avanço do comércio bilateral desde 2012, quando o diplomata assumiu a embaixada, até o ano passado. As exportações brasileiras ao país árabe cresceram 32,7% no período.
“O Catar passou de 11º parceiro do Brasil entre os árabes para sexto no período, no que diz respeito às exportações”, disse Hannun à ANBA. “Houve também uma expansão importante em termos de diversificação da pauta, de 244 para 288 produtos, um crescimento de 18%. Foi uma diversificação com aumento do valor agregado”, destacou.
Na outra ponta, Hannun observou que o Catar passou da sexta para a quarta posição como fornecedor do Brasil entre os árabes, e a pauta, mais concentrada, passou de 14 para 18 produtos. “Trabalhamos muito em parceria com vocês (Câmara Árabe) para chegar a estes resultados, e o aumento será constante”, declarou Alhayki, em discurso.
À ANBA o diplomata lembrou que a partir de 2020 o Catar começará a fornecer 1,4 milhão de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) por ano ao estado de Sergipe, num contrato que tem prazo de 25 anos. O combustível abastecerá uma central termelétrica e será também distribuído, segundo Alhayki. “Isto terá um grande impacto em Sergipe e em outros estados da região”, ressaltou o embaixador.
Ele destacou que o acordo foi assinado em 2014, durante visita da então presidente Dilma Rousseff ao país árabe. Alhayki afirmou que houve um grande número de viagens de autoridades brasileiras ao Catar desde 2012, como as de ministros das pastas de Cultura, Esportes, Agricultura e Defesa, além de parlamentares. “Isso elevou as relações entre os dois países a um nível estratégico”, declarou.
De acordo com o diplomata, a visita do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a Doha em maio do ano passado “assegurou a continuidade das exportações de carnes do Brasil ao Catar, principalmente de frango.” A missão ocorreu após a deflagração da operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investigou suspeitas de irregularidades em frigoríficos e na atuação de fiscais do ministério, o que levou vários países a embargar ou a ameaçar suspender as importações de carnes brasileiras.
“O embaixador teve uma participação extremamente importante na permanência do Catar como importador”, disse Hannun, que integrou a delegação de Maggi. A Câmara Árabe atuou fortemente na ocasião para evitar que países árabes suspendessem as importações, colocando em contato direto diplomatas árabes, representantes do governo brasileiro e lideranças do setor privado, e incentivando visitas do ministro da Agricultura a países da região.
Investimentos
Hannun destacou também investimentos do Catar no Brasil realizado no período em que Alhayki comandou a embaixada, como a compra de uma participação de 10% na companhia aérea Latam pela Qatar Airways. O embaixador citou ainda investimentos feitos por seu país na mineradora Vale, na exploração e produção de petróleo no Brasil e em projetos do agronegócio.
O diplomata acrescentou que os negócios devem continuar na área de investimentos. Segundo ele, foi formada uma comissão com representantes de ministérios e de fundos do Catar para estudar a ampliação dos investimentos no Brasil. “Garanto que nós vamos aumentar os investimentos aqui”, disse Alhayki aos convidados do jantar.
Outro avanço ocorrido, na avaliação do embaixador, foi a autorização a partir de 2017 para que brasileiros que viajam ao Catar tirem o visto quando chegam ao aeroporto de Doha. Não há mais necessidade de emissão prévia do documento. “Hoje temos uma grande comunidade de brasileiros no Catar e notamos também um grande crescimento do turismo, principalmente depois da facilitação dos vistos”, afirmou.
Hannun citou também missões comerciais brasileiras ao catar e catarianas ao Brasil ocorridas no período, além da participação do país árabe no estande da Câmara Árabe na feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e na feira de turismo World Travel Market Latin America. O Qatar Development Bank (QDB) teve papel decisivo na realização de algumas destas atividades.
Cultura
Na área cultural, Hannun lembrou que 2014 foi o Ano do Catar no Brasil e destacou alguns dos eventos realizados, como a exposição de pérolas do Catar ocorrida no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, com a exibição peças raras de joalheria; a homenagem ao país na Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém do Pará; e o programa 1001 Invenções, que mostra para as crianças os avanços tecnológicos desenvolvidos em países muçulmanos.
O presidente da Câmara Árabe lembrou ainda que a Casa Catar, espaço criado pelo Comitê Olímpico do Catar durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, foi premiada pela Associação Comercial carioca na categoria Promoção Cultural.
O decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, que participou do jantar, acrescentou que Alhayki teve um papel significativo no trabalho do conselho, no apoio à causa Palestina e às causas árabes em geral no período em que esteve no Brasil. Alzeben é embaixador da Palestina.
Alhayki informou que seu substituto será o diplomata Ahmad Al Abdallah, atual vice-diretor do Departamento da Ásia no Ministério das Relações Exteriores do Catar e ex-embaixador do país na Índia.
Da Câmara Árabe, participaram do jantar ainda o diretor-geral Michel Alaby, os vice-presidentes Osmar Chohfi e Riad Younes, o ex-presidente Orlando Sarhan, e os diretores Sílvia Antibas, Willian Atui, Mohamed Orra Mourad e Sami Roumieh.
Na quarta-feira (13), Alhayki foi homenageado pelo Itamaraty, em Brasília.