São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira assinou dois memorandos de entendimento nesta quarta-feira (29) no Egito, com o Ministério do Comércio e Indústria local e com a Federação das Câmaras de Comércio do país, para a criação de um escritório de representação da Câmara Árabe no Cairo, com o objetivo de promover o comércio e a cooperação econômica entre Egito, Brasil e países vizinhos.
O primeiro acordo foi firmado pela ministra do Comércio e Indústria do Egito, Nevin Gamea, e pelo presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, na presença de Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil, Antonio Patriota, embaixador do Brasil no Cairo, Khaled Hanafy, secretário-geral da União das Câmaras Árabes, além de Ibrahim Al-Arabi, presidente da Federação das Câmaras de Comércio do Egito. Na foto acima, Chohfi e Gamea firmam um dos acordos.
O segundo memorando de entendimento foi firmado por Al-Arabi com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira para sediar, na Federação das Câmaras de Comércio do Egito, o escritório de representação da instituição brasileira no Cairo.
A ministra do Comércio e Indústria disse que o acordo do ministério com a Câmara, que tem a duração de cinco anos, surge no âmbito do empenho da pasta em criar um ambiente adequado para a cooperação entre empresários dos dois países, tendo em vista a importância da cooperação entre os setores privados do Egito e do Brasil.
Ela destacou que o governo egípcio e o setor privado, liderado pela Federação das Câmaras de Comércio, saudaram a abertura de um escritório regional da Câmara Árabe Brasileira no Cairo, que deve contribuir para atender aos interesses comuns do Egito e de empresários brasileiros, apoiando a cooperação comercial e facilitando a circulação de bens e serviços entre os dois países.
A ministra explicou que o acordo acontece em decorrência do acordo de livre comércio assinado entre o Egito e os países do Mercosul – que inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – em vigor desde 2017.
Gamea afirmou que o escritório da Câmara Árabe no Cairo terá um papel importante no desenvolvimento do intercâmbio comercial entre Egito e Brasil e será o ponto de partida para a cooperação entre o Egito e o Brasil na integração com os mercados dos países africanos, beneficiando o Brasil com os acordos de livre comércio que vinculam o Egito com os países do continente africano.
O escritório
Osmar Chohfi afirmou que, entre os serviços que o escritório prestará, inclui-se a comunicação com instituições egípcias correspondentes à Câmara, com órgãos governamentais e com empresários egípcios, para estabelecer canais de comunicação no âmbito comercial e de investimentos entre os dois países.
Ele acrescentou que esses serviços também incluem a organização de missões comerciais e econômicas de e para o Brasil, bem como a preparação e organização de todas as atividades comerciais relacionadas a essas visitas e missões.
Inclui também a prestação de serviços a empresas com financiamento brasileiro, facilitando a comunicação entre elas, os órgãos governamentais e o empresariado egípcio, a fim de aprimorar as relações comerciais e de investimentos entre essas empresas e suas congêneres egípcias, segundo o presidente da Câmara.
Chohfi afirmou que os serviços do escritório incluirão também a promoção da participação de empresas em eventos comerciais e econômicos, exposições e conferências, comunicando-se com todas as autoridades relevantes a esse respeito a nível local e regional. Também contribuirá para a preparação, organização e participação em tais eventos, prestando serviços relacionados com assessoria jurídica nas áreas de comércio e proteção de direitos de propriedade intelectual.
Federação do Egito
Ibrahim Al-Arabi disse que o lançamento das atividades do Fórum Empresarial Egípcio-Brasileiro, na presença de governantes e líderes empresariais dos dois países, é um exemplo vivo da parceria público-privada buscada pelo Egito em vários campos.
Ele acrescentou que o mundo árabe importa mais de 60% dos seus alimentos e cerca de 60% dos insumos da indústria alimentícia, ultrapassando US$ 100 bilhões anuais, sendo o Brasil um parceiro fundamental no fornecimento desses produtos. Lembrou ainda que as exportações podem ser ampliadas por meio da cooperação tripartite.
Al-Arabi explicou que há um esforço entre a Liga Árabe e a Academia Árabe de Ciência, Tecnologia e Transporte Marítimo para estabelecer centros logísticos nos países do Mercosul e direcionar os armadores para o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre o Egito e esses países.
O presidente da federação ressaltou ainda que o valor dos investimentos conjuntos entre Egito e Brasil ultrapassou US$ 1 bilhão na indústria de cimento, ônibus, reboques, indústria alimentícia e logística, além dos investimentos egípcios no Brasil em fazendas, frigoríficos e no setor de energia elétrica.
Ele destacou que o intercâmbio comercial superou a casa de US$ 2,5 bilhões entre os dois países e grande parte dele é para suprir necessidades de produção das indústrias de exportação para as zonas de livre comércio. Mas, segundo ele, isso não atinge as metas almejadas, nem expressa a plenitude das oportunidades disponíveis. O Egito oferece ao investidor brasileiro bases sólidas, investimentos seguros e oportunidades diferenciadas, de acordo com Al-Arabi.
*Reportagem de Omar Assi