São Paulo – O chefe do escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Rafael Solimeo, apresentou nesta segunda-feira (6) a experiência e a capacidade brasileiras na produção de alimentos e bebidas halal na Anuga, uma das maiores feiras do setor, realizada em Colônia, na Alemanha. Ele participou do primeiro Fórum Halal Anuga ao apresentar a palestra “Estratégias globais de exportação: o Brasil capitalizando oportunidades no mercado de alimentos halal”.
“O Brasil ainda é muito conhecido por ser um país produtor e fornecedor de commodities e matéria-prima de alimentos, mas há um desafio de abrir espaço, de trabalhar com os empresários os produtos de maior valor agregado, além de manter as conquistas como fornecedor de commodities”, disse. Os produtos halal são feitos de acordo com as normas do Islã e aptos para o consumo de muçulmanos.
Em sua apresentação, Solimeo levou números que mostram que as exportações do Brasil às nações islâmicas estão crescendo ano a ano e que o País é o principal fornecedor de carne de frango, milho, soja, amendoim, açúcar e suco de laranja congelado; é o segundo fornecedor de carne bovina e gelatina de origem animal; e o terceiro exportador de melão e chá de ervas.
Ele destacou os desafios que os produtos halal brasileiros ainda enfrentam para crescer globalmente e no mundo árabe. Ainda há um desconhecimento no mundo sobre o produto halal, que é feito a partir de normas importantes para o Islã, mas que também se traduzem em elevada qualidade, higiene na sua manipulação e processos produtivos.
O transporte, porém, ainda é caro e demorado, pois um produto embarcado hoje em um porto brasileiro pode demorar até 45 dias até ser desembarcado em um porto dos Emirados, por exemplo. Tal prazo deverá cair pois a transportadora MSC anunciou o início da operação de uma linha direta de contêineres refrigerados entre o Brasil e os Emirados neste mês de outubro, o que eliminará a necessidade de transbordo de carga em um porto intermediário no caminho entre os dois países.
Projeto Halal do Brasil
Em sua palestra, o executivo apresentou também o Projeto Halal do Brasil, uma iniciativa que a Câmara Árabe leva adiante para promover os produtos halal feitos no Brasil para além das nações árabes. Em setembro, por exemplo, empresas brasileiras participaram de uma feira na Malásia por meio do projeto, que também já participou da Anuga em 2023.
“É de extrema importância estar aqui para mostrar que a gente [Câmara Árabe] não atua só no mundo árabe, que também fazemos ações em outros países islâmicos e que somos uma das poucas instituições do setor a ter atuação fora do Brasil. Foi muito importante estar aqui, posicionar o produto halal do Brasil na Alemanha. Pessoas de diversos países vieram falar comigo após a palestra com o desejo de saber mais do Brasil como um produtor halal”, disse ele.
Solimeo apresentou como exemplo de caso a empresa brasileira Ecofoods, que produz derivados de açaí, fruto extraído na floresta amazônica. A empresa aderiu ao projeto Halal do Brasil em 2023, obteve certificação halal e passou a exportar para os Emirados desde então. Foi um exemplo de companhia que fabrica produtos com maior valor agregado e com atuação internacional entre produtos halal.
Além de Solimeo, certificadoras brasileiras de produtos halal estão na Anuga, assim como empresas brasileiras, que estão no pavilhão nacional da mostra. O executivo terá uma agenda de encontros em Colônia e em Berlim nos próximos dias.
Na feira, iria se reunir com empresas de países árabes, como Líbano, Palestina e Arábia Saudita, para convidá-las a participar de dois eventos em que a Câmara Árabe tem estandes no Brasil: a feira Anuga Select Brazil e a feira Apas, do setores de alimentos e supermercados. Ele também apresentou o Global Halal Brazil Business Forum, que será realizado pela Câmara Árabe em parceria com a certificadora Fambras Halal em 27 e em 28 de outubro, em São Paulo.
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