São Paulo – Representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e de órgãos oficiais do Uruguai começaram nesta quarta-feira (26) conversas para ações conjuntas na relação com os países árabes. A Câmara Árabe, ancorada pela União das Câmaras Árabes, criou a Federação Sul-Americana de Câmaras Árabes no ano passado e está iniciando a aproximação com os demais países da América do Sul para desenvolver as bases de um trabalho regional voltado ao mercado árabe. A Câmara de Comércio Argentino-Árabe está integrada à iniciativa.
Estiveram na sede da Câmara Árabe a gerente de Projetos de Promoção de Investimentos da Agência de Promoção de Investimentos, Exportações e Imagem do Uruguai (Uruguai XXI), Paola Leites de Moraes, a cônsul-geral do Uruguai em São Paulo, Melissa Rosano, o secretário-geral adjunto do Governo do Departamento de Canelones, Francisco Legnani, o diretor-geral da Agência de Promoção de Investimentos do Governo do Departamento de Canelones, Julio Fillippini, e o diretor da consultoria uruguaia em negócios agrícolas Bruno – Arrosa & Cia, Luis Bruno Rinaldi.
O grupo conversou com secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, a diretora de Marketing e Estratégia da entidade, Janine Bezerra De Menezes, e a analista de Negócios, Danielle Montagner Berini. Mansour contou aos uruguaios que a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e a Câmara de Comércio Argentino-Árabe são as únicas reconhecidas na América do Sul pela União das Câmaras Árabes, vinculada à Liga dos Estados Árabes.
O secretário-geral relatou que o acordo assinado pela Câmara Árabe a União das Câmaras Árabes para a criação da Federação Sul-Americana das Câmaras Árabes já foi validado na Argentina e Brasil, onde estão as duas câmaras reconhecidas pela União, e agora serão procurados parceiros para o trabalho conjunto nos demais países sul-americanos. A delegação de uruguaios se mostrou disposta a cooperar com a Câmara Árabe neste sentido por essa integração. “É muito importante trabalhar em conjunto como América do Sul”, disse Paola.
De acordo com Mansour, uma das ideias é fazer com que delegações árabes que viajam à América do Sul tenham atividades não apenas no Brasil, mas também nos demais países. “Precisamos ter parceiros fortes para coordenar esse trabalho com os empresários nos demais países sul-americanos”, afirmou o secretário-geral para os uruguaios. O objetivo é fazer com que o relacionamento da região como um todo com os árabes seja ampliado, com, por exemplo, mais linhas diretas de navios e rotas aéreas entre países sul-americanos e árabes.
Mansour sinalizou a vontade de trabalhar imediatamente com os uruguaios na ampliação do relacionamento com o Egito, único país árabe com o qual o Mercosul tem um acordo de livre comércio. Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai formam o Mercosul. O secretário-geral falou sobre as áreas de possível ampliação de comércio com o Egito e convidou os uruguaios a participarem de ações da Câmara Árabe voltadas ao país árabe, como um fórum de logística que a entidade promoverá com a União das Câmaras Árabes em dezembro em Alexandria.
Um dos intuitos da presença dos uruguaios na Câmara Árabe foi a aproximação com os países árabes por meio da entidade. Paola, da Uruguai XXI, contou que a agência tem trabalhado com câmaras de diferentes países. Ela fez uma apresentação aos profissionais da Câmara Árabe sobre o Uruguai. Segundo dados mostrados pela gerente, o Uruguai é o único país do Mercosul com o grau de investimento, teve crescimento médio anual de 3,8% de 2008 a 2018 e tem exportações diversificadas. O Brasil é o segundo destino das vendas externas uruguaias.
Apesar de ter uma população de apenas 3,5 milhões de habitantes, o Uruguai produz alimentos para 30 milhões de pessoas e tem potencial para produzir para 50 milhões. O grupo apresentou o fato como uma das grandes vantagens do país como fornecedor internacional. Por ter uma população pequena, o Uruguai tem muito excedente para exportar. No país, há possibilidade de investimentos 100% estrangeiros, sem necessidade de um parceiro local, inclusive na compra de terras para produção agrícola. O Uruguai possui zonas francas voltadas para as áreas industrial, de logística, serviços e mistas. O país sul-americano tem a maior taxa de alfabetização da América Latina.
O secretário-geral adjunto de Canelones, Francisco Legnani, falou um pouco sobre o departamento que representa, que fica na região Metropolitana de Montevidéu, a capital uruguaia. “É um país dentro de outro país”, disse ele. No Uruguai, Segundo Legnani, o departamento (estado) de Canelones responde por cerca de 60% da produção uruguaia de alimentos e o seu produto de destaque é o vinho. “Nosso maior patrimônio é a segurança jurídica para o investidor. As regras não vão mudar de uma hora para a outra”, afirmou ele sobre o Uruguai.