Dubai – A diretora de Relações Institucionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Fernanda Baltazar (foto acima), propôs que organizações do setor privado cooperem e dialoguem para promover ações concretas até a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que será em Belém do Pará, no Brasil, em 2025.
“A COP30 vai ser no Pará. A ideia é mostrar cada vez mais o que está sendo feito, o que pode ser feito e trabalhar conjuntamente até lá. O que de real podemos fazer nesse sentido, em conjunto? Que agendas podemos fazer no próximo ano para que haja esse diálogo entre as partes brasileiras e árabes? Como nós, como representantes dessas entidades, podemos trabalhar conjuntamente e beneficiar todos?”, provocou a diretora durante painel sobre a Indústria de Baixo Carbono, em Dubai.
Dando exemplos sobre o que árabes e brasileiros podem fazer juntos nesse setor, Baltazar propôs que o Brasil apoie países em tecnologia e boas práticas na agricultura. “Fomentar o agro sustentável no Norte da África, cooperar em energia solar e eólica no Golfo”, disse.
A diretora falou ainda sobre a importância do diálogo entre a academia e o setor privado para o ganho mútuo. “Durante a COP27, a Câmara Árabe assinou um memorando de entendimento com as universidades de São Paulo (USP), de Abu Dhabi e de Sharjah para pesquisas em sustentabilidade em segurança alimentar, pensando no que podemos fazer até a COP30”, disse. A COP27 aconteceu no Egito em 2022.
O painel ocorreu durante o evento Diálogo empresarial para uma Economia de Baixo Carbono, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em agenda paralela à COP28, e teve por objetivo compartilhar experiências de organizações representativas do setor privado para contribuir com a transição global para uma economia de baixo carbono.
Além de Fernanda Baltazar, entre os painelistas, estavam Khush Choksy, vice-presidente sênior da Divisão Internacional e de Relacionamento com Membros da U.S. Chamber of Commerce; Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, e Sossy Ingirkochian, diretora Administrativa e líder de Subsidiárias Globais do First Abu Dhabi Bank, com moderação de Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.
Abrão Neto disse que a questão de sustentabilidade e descarbonização é um problema sem CNPJ. “Não é um desafio de uma empresa ou de um setor, é um desafio de todo mundo”, declarou.
SAF
Na parte da tarde, ocorreu o painel Combustíveis Sustentáveis para o Setor de Aviação, com objetivo de apresentar o potencial do Brasil na produção dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e o que ainda precisa ser estruturado para o País se tornar um hub e uma referência para empresas aéreas do mundo.
O diálogo com moderação do diretor de Inovação da CNI, Jefferson Gomes, teve falas do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Roberto Ardenghy; da diretora de Assuntos Corporativos, Regulatórios e Sustentabilidade da Latam, Maria Elisa Curcio; do vice-presidente de Novos Negócios da Acelen, Marcelo Cordaro, e do CEO de Alrais Enterprises Group, Ali Mohammad Ahmad Alrais.
Roberto Ardenghy afirmou que hoje são produzidos 300 milhões de litros de SAF no mundo, e que é estimado que em 2050 sejam 440 bilhões de litros. Para ele, o SAF viável precisa ser disponível, confiável e competitivo. “Em cada país, a transição energética será diferenciada. Precisamos ver como o mercado vai se organizar, será um grande desafio. Precisamos de um produto confiável, disponível e com preço socialmente aceitável, para não haver injustiça energética”, disse.