São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira pretende trabalhar junto com o novo governo do Brasil para fortalecer as relações do País com o mundo árabe. A entidade quer apresentar ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, um estudo sobre o potencial de aumento dos negócios com a região.
“Estamos de acordo com a posição do novo governo de desenvolver a produção, o agronegócio, a infraestrutura, e queremos aproveitar o momento para mostrar o potencial do mundo árabe”, disse à ANBA nesta segunda-feira (05) o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun.
A ideia é apresentar o trabalho ainda durante o processo de transição, antes da posse do novo presidente, em 1º de janeiro de 2019. A realização do estudo começou antes da campanha eleitoral, com o objetivo de apresentá-lo ao vencedor das eleições de outubro independentemente de quem fosse o vencedor.
O levantamento traz o histórico das relações econômicas entre o Brasil e os países árabes, o potencial de crescimento e propostas de ações a serem realizadas nos próximos anos. A Câmara Árabe estima que as exportações do País à região podem chegar a US$ 20 bilhões até 2022, ante US$ 13,6 bilhões no ano passado.
“Como bloco, o mundo árabe é o segundo maior comprador de produtos do agronegócio brasileiro, atrás apenas da China”, lembrou Hannun. “É necessário um planejamento para aumentar a participação de itens de maior valor agregado na pauta e de novas mercadorias com certificação halal”, acrescentou.
O executivo destacou que o mercado halal, de produtos próprios para o consumo de muçulmanos, é um nicho de enorme potencial para os exportadores brasileiros não só nas nações árabes, mas nos países islâmicos como um todo. “Os próprios árabes querem comprar mais do Brasil porque veem o País como um grande e confiável fornecedor de produtos halal”, destacou.
O Brasil já é o maior fornecedor mundial de proteína animal halal, principalmente carne bovina e de frango, o que mostra a importância dos países árabes e muçulmanos para esta cadeia produtiva, mas pode avançar em outros segmentos, como o de cosméticos.
Hannun ressaltou também que investidores árabes têm interesse em aplicar recursos no Brasil, especialmente em infraestrutura, setor considerado prioritário pelo novo governo. Ele lembrou que os fundos soberanos de nações árabes respondem por 40% dos ativos detidos por este tipo de instituição no mundo.
“Os investimentos em infraestrutura permitem, por exemplo, um melhor escoamento da safra, o que beneficia eles mesmos (os árabes)”, observou Hannun. Como são deficitários na produção de alimentos, os países árabes dependem das importações e veem o Brasil como um parceiro preferencial para garantir a segurança alimentar de suas populações. “Vamos atingir estes objetivos trabalhando juntos”, disse o executivo.