São Paulo – A Câmara dos Deputados da Argentina ratificou este mês o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Egito, segundo informações da agência de notícias oficial do país vizinho Télam, permitindo que o tratado entre efetivamente em vigor. A Argentina era o último país envolvido nas negociações que ainda não havia ratificado o acordo.
O tratado foi assinado pelos governos do bloco sul-americano e do país árabe em 2010, seis anos após o início das negociações. Mais sete anos se passaram até que todos os parlamentos das nações signatárias ratificassem o documento.
A iniciativa foi lançada no início do governo do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou as relações diplomáticas com as nações árabes e africanas como prioridades da política externa do País.
Em 2003, Lula havia feito a primeira visita oficial de um presidente brasileiro a países árabes, viagem que incluiu o Egito, então governado por Hosni Mubarak. O regime egípcio seria derrubado em 2011, em meio aos protestos da Primavera Árabe.
Além do Egito, na época o Mercosul deu início a negociações de acordos comerciais com o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco formado por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Omã e Kuwait, ambos ainda sem conclusão.
Em 2011, o Mercosul firmou um acordo de livre comércio com a Palestina, ainda pendente de ratificação por todos os signatários. Está em vigor um tratado de livre comércio entre o bloco e Israel, e acordos de preferências tarifárias com a Índia e com a União Aduaneira da África Austral (Sacu).
A expectativa é que, com o acordo, o comércio dos países sul-americanos com o Egito tenha um aumento significativo. O país árabe espera equilibrar seu déficit na balança comercial, principalmente com o Brasil.
As exportações do Brasil ao Egito somaram US$ 1,77 bilhão no ano passado, um recuo de 14% sobre 2015, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Os principais itens importados foram carne bovina, açúcar, milho, minério de ferro e frangos.
Na outra mão, o Egito vendeu ao Brasil o equivalente a US$ 94,4 milhões ao Brasil em 2016, uma queda de 13% em relação ao ano anterior. Foram comercializados produtos como fertilizantes, nafta, azeitonas, algodão e fios de algodão.