Alexandre Rocha
São Paulo – O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mario Mugnaini Júnior, disse hoje (22) que as exportações brasileiras devem atingir o patamar de US$ 100 bilhões anuais até 2007, ao passo que as importações devem chegar a US$ 90 bilhões. Tal valor representa um aumento de 43% em relação ao volume de exportações previsto para este ano, que é de US$ 70 bilhões. “Este não é um exercício de futurologia, são números bem amarrados”, garantiu Mugnaini, durante seminário sobre comércio exterior realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Até a terceira semana de outubro, as exportações brasileiras já ultrapassaram os US$ 57 bilhões e no ano passado inteiro as vendas internas somaram pouco mais de US$ 60,3 bilhões, de acordo com informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, assim como à Camex.
Um dos fatores que garantem que essa previsão para 2007 seja factível, segundo o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, que também participou do evento, é a descoberta de novos mercados e o aumento das exportações para esses clientes “não tradicionais”, fora do triângulo Estados Unidos, União Européia e Mercosul.
“Os maiores crescimentos têm sido registrados na Ásia, Oriente Médio, África e países da Europa Oriental”, afirmou Ramalho.
Mugnaini citou como exemplos as vendas para a Rússia, que aumentaram 100%, e para o Irã, que cresceram 130%. Ele também destacou a importância dos países árabes e lembrou que o governo brasileiro, por meio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), vai promover uma “semana de produtos brasileiros” no final do ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Nós verificamos o potencial de se aumentar as exportações para aquela área”, afirmou o secretário-executivo da Camex.
Outro fator que leva o governo a acreditar que os números são verossímeis, segundo Mugnaini, é que as empresas brasileiras “tomaram gosto” pela exportação, principalmente por causa da recessão no mercado interno.
Questionado se tal “gosto” vai permanecer após uma recuperação da economia nacional, ele disse que um dos objetivos da Camex é garantir que 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país seja “exportável”. Hoje, de acordo com o executivo, este percentual gira em torno de 10%.
Além disso, ele afirmou que as expectativas de exportação para 2003 estão sendo superadas, mesmo com a cotação do dólar “não jogando a favor” do exportador, o que ele acredita que deverá continuar a ocorrer, se o valor da moeda norte-americana não começar a cair demais.
Saldo menor
Mas ao passo que a Camex divulga uma meta de aumento expressivo nas vendas externas até 2007, também diz que há expectativa de queda do saldo da balança comercial.
De acordo com a Secex, o saldo positivo para o Brasil, até a terceira semana de outubro, já chegou próximo de US$ 20 bilhões. Se confirmadas as metas de US$ 100 bilhões de exportações e US$ 90 bilhões de importações para 2007, o saldo cairá para US$ 10 bilhões.
Tanto Ramalho, como Mugnaini, porém, acreditam que o aumento nas importações, que em 2002 ficaram em pouco mais de US$ 47,2 bilhões e, até o momento, em 2003, estão em US$ 37,786 bilhões, será um reflexo natural da retomada do crescimento do país.
“Acreditamos que o mercado interno passe a crescer entre 4% e 5% ao ano, aí a necessidade de produtos importados será muito maior”, disse o secretário-executivo da Camex. Principalmente no setor de bens de capitais (equipamentos para a indústria, por exemplo), segundo afirmou Ramalho.
A perspectiva de um grande aumento nas importações, porém, preocupou empresários presentes ao seminário como o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Boris Tabacof, que defendeu que o Brasil deve investir no aumento do seu superávit comercial para diminuir sua vulnerabilidade externa.
O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Maurice Costin, também defendeu o aumento no superávit da balança até para que o Brasil consiga saldar seus compromissos externos.