São Paulo – Neste dia 12 de abril, Brendha Haddad comemora 23 anos. Mas a menina morena, de cabelos longos e negros, de traços delicados, tem muito mais a comemorar. Aos 23 anos, ela poderia estar finalizando uma das faculdades que iniciou (Jornalismo e Direito). Para o desgosto de qualquer pai e mãe, um curso foi abandonado e o outro está trancado. A causa, no entanto, é boa: Brendha Haddad é uma das atrizes que compõem o núcleo indiano de Caminhos das Índias, novela de Glória Perez que ocupa o horário nobre da Globo.
É o segundo trabalho de Brendha da TV. O primeiro foi justamente o que a levou a mudar de rumo – ela estreou na série Amazônia – De Galvez a Chico Mendes, no papel de Ritinha. Nascida no Acre, Brendha fez alguns poucos cursos de interpretação mais por falta de opções que por falta de vontade. Desejo de ser atriz ela tem desde os 13 anos, quando fez um trabalho de Português com as amigas no qual elas fizeram um filme. "Fizemos o roteiro, a caracterização, escolhemos as locações, e eu era a atriz principal. Foi muito divertido, tenho até hoje guardado."
O pai, no entanto, resistia quando ela pedia para ir para outra cidade tentar a sorte. Brendha gosta de dizer que o pai sempre lhe dizia que "se tiver de acontecer, vão vir te buscar aqui, no Acre". Parece improvável, mas dito e feito. Foi o que aconteceu. Uma equipe da Globo foi ao Acre em busca de novos rostos para a série. "Com incentivo incansável da minha mãe, fiz alguns testes. Somente quando soube da minha aprovação eu contei para o meu pai. Hoje ele é um grande fã e me apoia em todos os sentidos."
Já para Caminhos das Índias, Brendha se mudou de mala e cuia para o Rio de Janeiro. Para onde ela até chegou a transferir o curso de Direito, que, embora trancado, pretender terminar e até fazer a prova da OAB. É o que ela chama de plano B. "Mas esse é um projeto para o futuro, estou me dedicando inteiramente à novela."
Brendha se considera uma pessoa de sorte. Afinal, seus primeiros trabalhos foram na maior emissora do país, com uma das maiores autoras de novela e com colegas com anos de experiência. "Eu procuro encarar com a mesma carga de responsabilidade de outro trabalho que eu tenha feito, mas é claro que sinto a diferença nas ruas, às vezes me esqueço e procuro algo de errado na minha roupa para saber o que tanto as pessoas olham e comentam. Daí eu lembro e fico um pouco tímida", diz a atriz novata. "Mas é muito bom e eu adoro quando me param para falar da novela, afinal o público acaba sendo o termômetro do nosso trabalho".
Sobre a Índia, Brendha sabia pouco. "Eu só sabia que as indianas usavam o bindi (aquela pintinha na testa)", diz. "Eu adorei conhecer sobre a Índia, é surpreendente. Aprendi a respeitar e admirar a vida deles. Algumas pessoas já me abordaram na rua dizendo que acharam que eu era uma atriz indiana. Você sabe o que é isso para uma atriz que está interpretando uma indiana? Eu amei."
Árabes no Acre
Mas de indiana ela não tem nada – a não ser a personagem, claro. Brendha é um mix de portugueses e sírios. O bisavô Azar Haddad se aventurou pelo Acre junto de sua mãe Dibe Haddad e sua esposa Rachid Arbaj Haddad. Naquelas paragens, eles tiveram dez filhos. "José Haddad, meu avô, era o filho mais novo, ele casou e teve cinco filhos, um deles Eduardo Haddad, o meu pai", conta. O avô José Haddad foi "seringalista", dono de um seringal, em Xapuri, no Acre. "Eu sou uma mistura de origens, meu sobrenome Prata (Brendha Prata Haddad) vem do meu avô materno, filho de Português." Do pai, herdou o gosto por quibe e pela coalhada com pão árabe.
Morar no Rio foi uma mudança e tanto. "Demorei uns três meses para me adaptar", conta. Ela sente saudade de casa, embora tenha total apoio da família. "Tenho três irmãos, dois que moravam comigo no Acre e que tenho que dividir minha mãe (risos). Ela está passando um tempo comigo aqui no Rio."
Nos planos da acreana de origem síria-portuguesa e que interpreta uma indiana, está o teatro e o cinema. "Um grande desafio é viver o que foge aos meus conceitos e pudores: eu adoraria interpretar uma vilã."