São Paulo – Uma campanha lançada nesta segunda-feira (30) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, tem como meta arrecadar fundos para ajudar a melhorar o acesso à saúde dos refugiados palestinos que vivem no Oriente Médio. A apresentação da iniciativa foi feita pelo comissário geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), Filippo Grandi, na presença de jornalistas, lideranças da Câmara Árabe e da comunidade árabe, além de pessoas interessadas no assunto.
A meta é arrecadar R$ 1 milhão do início de outubro até final de novembro, de acordo com Riad Younes, vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe e coordenador de Oncologia Cirúrgica do Hospital São José. O dinheiro será usado em três frentes: para equipar as maternidades que atendem refugiados palestinos no Oriente Médio, para a identificação de casos de diabetes e para a informatização da gestão do programa de saúde da organização.
Grandi informa que em 2011 a Unrwa atendeu quase 100 mil mulheres gestantes, que deram a luz em suas clínicas, das quais 13% era gravidez de alto risco. “Isso é um desafio para nós”, disse ele. A meta é comprar 23 máquinas de ultrassom. Para identificação da diabetes, a Unrwa ainda usa técnicas básicas e quer utilizar outra mais avançada, que é padrão na maioria dos países. Na gestão do programa de saúde, o objetivo é informatizar os dados dos pacientes.
Os recursos serão direcionados para a atuação da Unrwa na Faixa de Gaza e Cisjordânia, e também no Líbano, Jordânia e Síria. No último país, a situação dos refugiados palestinos têm se agravado desde que começaram os conflitos. Antes da guerra, 530 mil palestinos viviam na Síria na condição de refugiados. Grandi estima que pelo menos 60 mil tenham saído do país, dos quais 50 mil foram para o Líbano, onde a Unrwa também atua e os atende. Outros se deslocaram internamente na Síria. Ou seja, estão se tornando refugiados pela segunda vez.
Grandi informa que para muitos dos refugiados na Síria são feitas doações em dinheiro ou em alimentos. “É difícil operar na Síria, estamos em meio a uma guerra, o acesso às comunidades é difícil”, afirmou o comissário. De acordo com ele, oito funcionários da Unrwa morreram na Síria desde o início do conflito. Também há desparecidos. Younes explicou que os palestinos, em função da sua situação, têm uma expectativa de vida entre 2,6 anos a 5,1 anos menor do que os moradores dos países vizinhos. “A ideia é elevar o padrão de saúde dos refugiados para que se aproxime dos vizinhos”, afirmou o médico.
A Unrwa tem um orçamento de US$ 1,2 bilhão para 2013, mas ainda faltam US$ 50 milhões para fechar a conta entre custos e ingressos financeiros, de acordo com Grandi. Do total do orçamento, explicou o comissário, metade vai para programas básicos do organismo em saúde, educação e alívio da pobreza. A outra metade é para programas especiais e de emergência. Os mais difíceis de financiar, alerta Grandi, são os básicos. No caso de emergências, caso do atendimento na Síria, o apelo para doações é maior. “Quanto maior o fracasso político do país, mais os outros países querem doar”, disse o comissário.
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, afirmou que a entidade vai colocar a sua estrutura à disposição para divulgar a campanha. Serão feitos encontros com entidades e clubes árabes e não árabes para chamar para as doações. São Paulo foi escolhida para lançamento da campanha, de acordo com Grandi, em função dos laços que a cidade tem com os países árabes e da percepção que há a respeito da questão dos refugiados palestinos. “O Brasil é uma potência global emergente e São Paulo uma metrópole mundial”, disse o comissário, lembrando ainda que o Brasil é importante para Unrwa, tem experiência e presta atenção às questões sociais, e a questão palestina é uma questão humanitária importante.
A Unrwa tem diálogo com o governo brasileiro e recebeu US$ 7,5 milhões dele no ano passado. De acordo com Grandi, o organismo está negociando para tornar essas contribuições regulares. “E o governo brasileiro tem nos incentivado a buscar outros parceiros também no Brasil”, disse o comissário aos jornalistas, após a apresentação. A campanha atual surgiu de conversas que o organismo teve com lideranças da Câmara Árabe há cerca de um ano. As doações podem ser feitas por depósito em uma conta bancária (abaixo) e os recursos irão dali diretamente para a Unrwa, que prestará contas posteriormente.
O lançamento teve também a presença do diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, do diretor do Centro de Informações das Nações Unidas, Giancarlo Summa, e do coordenador residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil, Jorge Chediek, entre outras lideranças.
Campanha Unrwa
Conta para doações
Citibank (banco 745)
Agência: 008
Conta: 96910550


