São Paulo – O sírio Wael Assaf era cantor em seu país. Trabalhava em bares e festas, ganhando até US$ 200 por dia. Cantava músicas folclóricas e românticas e chegou a participar de um programa de televisão. Mas sua vida mudou quando os militantes do autoproclamado Estado Islâmico chegaram a Yarmouk, um distrito de Damasco, onde ele morava. Assaf teve que fugir. Morou quatro anos na Jordânia e há um ano está em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde luta para reconstruir a sua vida.
“Minha família tinha um restaurante na Síria. Conheci a cozinha lá, mas trabalhava como cantor”, conta Assaf, que hoje usa seus conhecimentos culinários para fazer comidas típicas de seu país e conseguir algum sustento para ele, os dois filhos e a esposa que está grávida de cinco meses.
“Eu coloco os quibes dentro de uma caixa e vou para a rua vender para pessoas e lojas. Vendo para dois restaurantes também. Todos os dias, vendo uns 50 quibes. Preciso comprar comida para minha família”, diz. Sua renda, no entanto, está bem longe de dar conta dos gastos de uma família de quatro pessoas. Diariamente, Wassaf consegue apenas cerca de R$ 30.
“Quero abrir um restaurante aqui. Entendo muito desses serviços [de culinária]. Também quero cantar no restaurante. Aqui, não há pessoas que cantem o que eu canto”, afirma. Entre as iguarias que Assaf sabe preparar estão kafta, quibe cru, quibe com coalhada, tabule, babaganuche, tabule e esfiha, entre outros.
Assaf, que chegou a Campo Grande por indicação de um amigo jordaniano que mora na cidade, diz que tem contado muito com a ajuda dos brasileiros para aprender a língua portuguesa. Foram também alguns destes amigos que iniciaram uma campanha para arrecadar fundos para o futuro restaurante do sírio. As pessoas podem contribuir com qualquer quantia pelo site de crowdfunding http://www.kickante.com.br/campanhas/o-recomeco-de-uma-familia-siria-no-brasil. A meta é levantar R$ 40 mil.
O objetivo é possível. O também sírio Tala Altinawi, refugiado com a família em São Paulo, conseguiu arrecadar dinheiro suficiente por meio de um site de crowdfunding e abriu um restaurante no bairro do Brooklin, na capital paulista.
Outra ajuda importante que Assaf vem recebendo é do médico e empresário libanês Mafuci Kadri, fundador do Hospital Sírio-Libanês de Campo Grande e do Hospital El Kadri. A casa em que o sírio vive com a família foi cedida por Kadri. “Ele me ajuda muito”, destaca Assaf.
O sírio se diz muito grato pelo apoio que tem recebido dos brasileiros, mas diz que sua vida aqui é muito difícil. “Como você veria sua vida que, primeiro era muito boa, com você ajudando as pessoas que precisavam, e agora com você precisando de ajuda?”, questiona, ao ser perguntado sobre o que acha da vida por aqui.
Quem quiser ajudar a melhorar a vida de Assaf e sua família tem até o dia 28 de julho para contribuir pelo site. Seus pratos podem ser vistos na página www.facebook.com/deliciasarabesoriginais/. Os moradores de Campo Grande também podem encomendar os quitutes do sírio pelo telefone (67) 9852-6588.