Belo Horizonte – De fato, eles são diferentes. E caprichosos, criativos, donos de um jeito próprio de fazer moda. Em matéria de vestuário e acessórios, os empreendedores de Minas Gerais se destacam pela inventividade e cuidado com as criações, razão pela qual vêm ganhando espaço dentro do Brasil, com planos de avançar no exterior. É o caso da bijuteria que reproduz o efeito de um bordado, da roupa de festa que combina brilhos e tecidos nobres, da camiseta estampada com pinturas de casais improváveis, como o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e a estilista francesa Coco Chanel. Detalhes que mudam tudo. E que justificam a fama das "Gerais" quando o assunto é estilo.
"A moda mineira se afirma pelos valores que agrega", explica o superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Lourenço. "São valores culturais, ligados ao que temos no estado, como o artesanato e as pedras preciosas, por exemplo", diz. Para Lourenço, hoje, no País ou no exterior, o consumo segue cada vez mais a lógica da identidade, de fugir daquilo que é pasteurizado, feito da mesma forma. "Por isso o nosso trabalho é reconhecido", afirma.
A explicação do sucesso das confecções mineiras se encaixa perfeitamente no trabalho do estilista Ronaldo Fraga, não por acaso um dos nomes mais aclamados da cena fashion do estado. "O Ronaldo estuda muito para compor as suas roupas, por isso o resultado é tão criativo, não tem cópia de nada", afirma a representante comercial da grife, Valeska Calazans. "Tudo o que vem nas peças assinadas por ele é exclusivo, até os botões".
Criatividade é o que não falta também para o artista plástico Rogério Fernandes, um novato no mundo da moda cuja estreia nas araras foi esse ano, com camisetas decoradas com estampas de casais fictícios e inusitados. Batizada de "Amor Inesperado", a série trouxe figuras como a cantora norte-americana Lady Gaga e o sambista carioca Cartola, a pintora mexicana Frida Kahlo e o ator James Dean, também nascido nos Estados Unidos. "O povo mineiro é acolhedor", explica a representante comercial da marca, Maria Laura Mesquita. "E a nossa moda também é, tudo o que é feito aqui é pensado com muito carinho", resume ela.
Parceiro de Fernandes na última edição do Minas Trend Preview (os dois fizeram um desfile em conjunto), evento que apresentou as tendências da próxima primavera-verão em Belo Horizonte, em abril, o criador de bolsas Rogério Lima começou a trabalhar na área em 2000, produzindo para terceiros. Até que decidiu ter a própria marca, já que sempre se "recusou a fazer cópias". "Sempre fiz questão de assinar peças que tivessem a minha cara", afirma ele. "Em termos de cópia, ninguém consegue concorrer com a China, nunca foi esse o meu objetivo", diz. Olhando os acessórios em couro que ele produz, com formatos e cores diversos, como amarelo, vermelho, verde e laranja, é possível concluir que ele chegou lá.
Assim como Lima, a diretora Administrativa e Comercial da Arte Sacra Coutture, Carolina Malloy, também pode dizer que chegou lá. A grife, tocada por ela em parceria com a irmã, é especializada em roupas para festa. São longos, curtos, bordados, todos feitos para compor figurinos leves e femininos. "Sempre nos preocupamos em oferecer uma modelagem muito bem feita, impecável", explica Carolina. A empresa vende para todo o País, comprovando a boa aceitação da moda produzida na sua terra. "Os mineiros são artistas por natureza", diz ela. "E isso está em tudo, na moda assim como na música e nas artes plásticas, por exemplo".
Bons negócios em Dubai
Outra empreendedora a serviço do glamour, a designer de joias e bijuterias Heliana Lages, proprietária da marca de mesmo nome, comemora as vendas para todos os estados do Brasil. E planeja avançar ainda mais no mercado externo. "Meu sonho é vender para Dubai", diz ela, que já exportou para os Estados Unidos, México e Portugal. Da linha de produção de Heliana saem brincos, colares, anéis e pulseiras que, sim, têm tudo para cair no gosto das clientes dos Emirados. "Nas nossas peças, buscamos oferecer linhas diferenciadas, como se fosse um crochê feito com o fio do metal", explica.
Desde 2009 comercializando seus vestidos de festa e moda casual para 20 países, a Patrícia Bonaldi já é fornecedora de looks para os árabes, clientes importantes no exterior. "Mais de 30% das nossas vendas externas são para esse grupo", afirma Luiz Morais, diretor da grife. Dessa forma, desfilam figurinos da marca mulheres da Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Kuait e Líbano. O segredo do sucesso? "Fazemos uma moda muito feminina, romântica e de uma sensualidade sutil".
E é assim, sutilmente, que os mineiros ganham espaço dentro e fora do Brasil. "Temos muitas oportunidades de trabalhar os nossos produtos no mercado internacional", afirma Lourenço. "E crescer nesse sentido é uma meta da indústria local", diz. Um dos organizadores do Minas Trend Preview, ele afirma que o evento vai trazer mais compradores estrangeiros a cada edição. "Se tem um setor que privilegia a inovação, é a moda", afirma. "Somos diferenciados e sabemos que estamos no caminho certo".
Contatos:
Rogério Fernandes
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Rogério Lima
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Arte Sacra Coutture
Telefone: (55) (31) 3287-1417
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Heliana Lages
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http://www.helianalages.com.br/
*A jornalista viajou para Belo Horizonte a convite da organização do Minas Trend Preview
